Independente da opinião do leitor sobre se os jogos de azar deverão ser permitidos pela lei ou não, tem algo que é necessário reconhecer. Os que vêm promovendo a liberação da jogatina estão acertando no “jackpot”. A combinação premiada do caça-níquel está saindo. O prémio máximo pode estar cada vez mais perto.
Um dos sinais é uma enquete, realizada pelo Paraná Pesquisas no início de 2018, que aponta que não existe mais consenso na sociedade brasileira sobre esse tema. Tem cerca de 10% de pessoas sem opinião, e os restantes se dividem quase perfeitamente (45% para o sim e para o não). Os defensores da proibição parecem estar perdendo a cabeça das pessoas, ou pelo menos seu coração.
Certamente que o fato de qualquer cidadão poder acessar o NetBet ou outro site de jogos de cassino através da internet (computador ou até mesmo celular) veio ajudar alguns a mudar de opinião. Afinal, para quê proibir os cassinos “físicos” (agora diremos assim, para distinguir dos “virtuais”) se todo o mundo pode acessar online? Mas isso é só mesmo uma realidade mudando – não teria de significar que a opinião dos cidadãos pudesse mudar por causa disso. Vício seria sempre vício, online ou “offline”.
Mas os sinais mais importantes vêm da política. Não é que os políticos possam substituir a opinião dos cidadãos, mas em democracia um político acaba representando aquilo que seus eleitores deverão querer, tanto na teoria como na prática.
E o fato é que dois importantes personagens da direita política parecem estar cedendo ao “lobby” dos cassinos, quando se esperaria que eles fossem os primeiros a assumir que a proibição é para continuar.
Jair Bolsonaro
“Bolsomito” ou “EleNão”, Jair é um candidato de palavras fortes, opiniões claras e pouco disponível para compromissos. É com isso que ele vem motivando seus potenciais eleitores. Assim, muitos terão ficado meio sem jeito quando o candidato falou que, sobre os cassinos, “é contra, mas vamos ver qual a melhor saída”. Ele acrescentou que quer assegurar que “o cidadão que vai buscar pão não torra seu dinheiro no caça-níquel”.
Mas isso é claramente abrir uma porta. Até Bolsonaro está confortável com a existência de cassinos em território nacional? O candidato dos valores vai permitir que o vício funcione, protegido pela lei e pagando imposto?
Marcelo Crivella
O prefeito do Rio de Janeiro deveria ser, também ele, um candidato em defesa dos valores tradicionais e da família. Retirar verba da parada gay do Rio de Janeiro foi uma medida muito aplaudida pelos setores conservadores.
Mas como se explica que Crivella venha recebendo Sheldon Adelson em visita, e já por mais que uma vez? Para quem não conhece, Adelson está na lista dos 30 homens mais ricos do mundo, elaborada pela revista Forbes. Ele é o maior empresário de cassinos de Las Vegas. Se os cassinos são um pecado, Adelson é o grande Satanás mundial desse inferno.
Questionado pela mídia, Crivella evitou falar em cassinos e disse que estava debatendo projetos de investimento imobiliário.
Se nem Crivella nem Bolsonaro assumem a 100% a luta contra a jogatina, que destino poderá estar tomando esse tema?