Um dos cartões postais da cidade, a lagoa do Jardim Botânico (Horto Municipal) da Serra Sede está precisando de cuidados. É que a vegetação aquática que prolifera em ambientes com muita matéria orgânica está tomando conta do espelho d´água. Além disso em alguns pontos as margens estão desbarrancando, oferendo inclusive risco de queda para quem se arrisca chegar mais perto da água.
Nesta terça – feira (18) o vereador oposicionista Anderson Muniz (Podemos) esteve no local. À reportagem, ele falou que o problema da proliferação de plantas no espelho d´água pode comprometer o oxigênio da água e matar os peixes, afetando também as diversas espécies de aves que se vivem e se alimentam no local.
O vereador citou o problema da erosão das margens e falou ainda que o Jardim Botânico como um todo está precisando de manutenção urgente. “Os banheiros estão impraticáveis. Há entulho, equipamentos enferrujando. Até o sombrite do viveiro de mudas foi retirado. Outra coisa que notei foi o esgoto da estrutura administrativa do Jardim Botânico, incluindo a sede da APA Mestre Álvaro, sendo lançado sem tratamento no córrego Doutor Róbson. Farei um pedido de explicações à Prefeitura e espero que tudo isso seja corrigido”, falou.
A reportagem esteve no Jardim Botânico no último dia 22 de setembro e, na ocasião, constatou os problemas de erosão nas margens e a proliferação de planta aquática da espécie salvínea sobre a lagoa, que naquela ocasião já estava com boa parte do espelho d’água coberto.
Problema antigo e típico de lagoas urbanas
A lagoa do Horto é artificial. Ela foi formada pelo represamento do córrego que vem do bairro Santo Antônio. Com o acelerado crescimento urbano no entorno da Serra Sede após a virada das décadas de 1980 e 1990 o córrego passou a receber esgoto sem tratamento. E virou valão.
Toda sujeira ia parar na lagoa que, com tanta carga orgânica, passou a sofrer processo de eutrofização. Termo técnico usado para designar um curso d’água que sofre com excesso de nutrientes, seja por causas naturais ou humanas, cuja consequência é a proliferação de microalgas (que deixam a água verde) e também de plantas maiores – caso da salvínea, por exemplo – que se reproduzem desordenadamente sobre a água.
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Quando isso acontece a luz não entra na água e há redução da oxigenação. Isso pode matar peixes e outros organismos aquáticos. Problema que atinge outras lagoas famosas da Serra, como a Jacuném, a Juara e a Maringá. E que é recorrente em conhecidas lagoas urbanas do Brasil, como a Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro e a da Pampulha, em Belo Horizonte.
No caso da lagoa do Horto, em 2008 a Prefeitura arrumou uma ‘solução’ polêmica. Desviou o córrego de Santo Antônio por uma galeria de concreto subterrânea que passa na própria área do horto. E a lagoa passou a ser alimentada apenas por água limpa. Parte dela vinha de uma tubulação que captava o líquido na cachoeira que desce do Mestre Álvaro. O restante vinha de uma nascente que fica na grota existente atrás da escola Clóvis Borges Miguel.
Tais intervenções faziam parte do pacote de obras realizadas no Horto, que passou a se chamar Jardim Botânico. O efeito na lagoa foi imediato: a água ficou mais limpa, a vida silvestre se recuperou e o lugar tornou-se mais procurado para a visitação pela comunidade serrana.
Com o passar dos anos a água parou de ser captada no Mestre Álvaro e a lagoa passou a ser alimentada apenas por água da chuva e da nascente que desce da grota por trás do Clóvis Borges. Ocorre que nos últimos anos essa nascente também passou a receber esgoto de algumas casas próximas, problema que só foi resolvido recentemente com rede coletora instalada pela Cesan/Ambiental Serra.
Essa nascente é objeto de recuperação ambiental feita pela Associação de Amigos do Mestre Álvaro, que está executando nela o Projeto Tororó. Segundo o ativista e biólogo Felipe Ramos, foram colocados filtros nos olhos d´água, plantadas árvores nativas no entorno, feito cercamento e colocação de placas, além de ações de educação ambiental e divulgação do projeto na região. O projeto custou R$ 30 mil e foi bancado por recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente, acrescenta Felipe.
Veja o vídeo capturado no último dia 22 de setembro do ponto em que a nascente cai na lagoa.
O Tempo Novo solicitou, via assessoria de imprensa da Prefeitura, um posicionamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra (Semma) a respeito da proliferação de plantas e erosão na lagoa. Mas até o momento não obteve retorno. Caso a Semma se manifeste, esta publicação será atualizada.
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