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Lagoa Juara e praia de Jacaraípe podem ser atingidas com diesel que vazou de carreta

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Praia do Barrote, em Jacaraípe, próxima de onde vêm as águas da lagoa Juara e do córrego Doutor Róbson. Foto: Bruno Lyra / 22 – 07 – 21

Os 17 mil litros de diesel que vazaram após o tombamento de uma carreta na BR 101 na altura de Planalto Serrano às 15h e 30 de ontem (09) podem atingir – isso se neste momento já não atingiram – a lagoa Juara. E dali seguir pelo rio Jacaraípe e seus manguezais até o mar junto à praça Encontro das Águas, entre as praias do Barrote e Castelândia.

É que esse é o destino do córrego Doutor Róbson, manancial que foi atingido pelo vazamento após o óleo escorrer pela pista e cair na rede de drenagem pluvial.

Até o momento dessa publicação não havia informação se o óleo já tinha atingido a Juara, cujo espelho d’água fica a cerca de 8 km do ponto onde o Doutor Róbson foi contaminado. E também não havia a informação se foi colocada no leito do córrego algum tipo de contenção ou barreira que evitasse o escoamento do combustível até a lagoa. Vale lembrar que diesel não é solúvel em água.

O óleo vazado ontem formou correnteza na BR 101, caiu na drenagem pluvial de Planalto Serrano Bloco A e foi parar no córrego Doutor Róbson. Foto: Reprodução de Vídeo/Tom Paparazzi

O secretário de Meio Ambiente da Serra, Cláudio Denícoli, informou na manhã desta terça feira (10) que a Prefeitura está avaliando os impactos ambientais no córrego e na Juara, por isso ainda não pode dimensionar os estragos. Claúdio falou ainda que no início da semana serão feitas análises das águas do córrego e da lagoa por conta do vazamento.

Presidente do Instiuto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff) e ativista da região da Juara em Jacaraípe, Claudiney Rocha, disse que até às 7h e 30 desta manhã não tinha notícias sobre o óleo ter chegado à lagoa, uma vez que o espelho d’água é bem extenso. Mas falou que está monitorando.

“Por causa da poluição por esgoto doméstico o córrego Doutor Róbson tem muita taboa (vegetação aquática) até chegar na lagoa Juara. Isso pode ajudar a reter um pouco do óleo. Mas é preciso um plano de contenção mais ágil dos órgão ambientais para esses casos. E também da Eco 101, já que a BR onde aconteceu o acidente é administrada por ela”, aponta o ativista.

Lagoa Juara

Patrimônio ambiental e paisagístico da Serra na faixa de terra entre a sede do município e a grande Jacaraípe, a lagoa Juara vem sofrendo com a degradação ambiental. Nos últimos anos sucessivas mortandade de peixes foram registradas. Há lançamento de forte carga de esgoto doméstico tradado e não tratado em suas águas.

A Juara já não tem mais produção de tilápias, mas sua orla segue como referência na gastronomia da iguaria agora trazida de Linhares. Foto: Divulgação.

E com a dragagem do rio Jacaraípe feita a partir de 2014 pela Prefeitura, maior volume de água do mar passou a entrar na lagoa. Tornou- a mais salgada, o que afetou a vida aquática. Tanto que em 2017 teve que ser encerrada a produção de tilápias em tanques rede, devido à sucessivas mortandades. Hoje o peixe comercializado na Praça da Tilápia, na orla da Juara, é produzido em lagoas do município de Linhares, norte do ES. E a orla, com seus restaurantes e peixarias, segue como referência de gastronomia e lazer na região.

Estado e Eco 101    

Técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) estiverem ontem (09) no local do acidente e também no bairro Planalto Serrano para orientar a população. Já a Defesa Civil da Serra disse que não há risco de explosão.

Em nota enviada por sua assessoria de imprensa às 9h desta terça (10), o Iema informou que funcionários do órgão estão percorrendo a área atingida e avaliando a extensão do dano causado pelo acidente. E que só após a avaliação será possível dar mais informações sobre os impactos.

Tempo Novo também procurou a Eco 101 por conta das críticas feitas pelo ativista Claudiney Rocha. Caso a empresa se posicione, essa publicação será atualizada.

Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, a Prefeitura da Serra informou que o veículo que derramou a carga está em nome  veículo está no nome de  Auto Posto RM de Aimorés LDTA. E que o Meio Ambiente municipal está levantando informações para adotar providências e penalidades em relação aos responsáveis pela carga.

Tóxico e problemas de abastecimento

O óleo diesel é tóxico e pode provocar mortandade de peixes, outros organismos aquáticos e também de aves que frequentam e se alimentam em córregos, banhados, lagoas e manguezais. Acidentes com caminhões e carretas tanque transportando diesel e outros combustíveis podem provocar ainda problemas de abastecimento de água, dependendo do local onde ocorrem.

Não é o caso do acidente de ontem na Serra, uma vez que o córrego Doutor Robson, a lagoa Juara e o rio Jacaraípe há décadas, por conta de outras fontes de poluição, já não têm condições de abastecer comunidades.

Mas houve caso recente no ES. No último dia 06 de julho uma carreta tombou em Domingos Martins próximo ao rio Jucu. Na ocasião chegou – se a cogitar a suspensão do abastecimento da Grande Vitória. Felizmente o óleo foi contido, segundo o Iema, antes de chegar ao rio.

No entanto em 2010 aconteceu a suspensão do abastecimento das áreas atendidas pelo rio Jucu na Grande Vitória após carreta com 32 toneladas de óleo tombar na Ponte de Macumba, localidade entre Viana e Domingos Martins.

Na Serra há dois pontos suscetíveis a esse tipo de acidente, ambos na BR 101. Um na ponte sobre o rio Timbuí, divisa com Fundão, altura de Santiago. Outro na Ponte do Bagaço, sobre o ribeirão Sauanha, em Chapada Grande. É que em ambos os casos as águas descem para o ponto de captação da Cesan, em Putiri, que atende 150 mil moradores dos bairros do Civit I, Serra Sede e entorno.

Eco diz que contenção e limpeza é de reponsabilidade do dono da carga

Sobre a crítica do ativista Claudiney Rocha a respeito de suposta ineficiência da Eco na contenção de vazamentos desse tipo após acidentes, a empresa disse que a contenção e limpeza deve ser feita pelos responsáveis pela carga. No entanto diz que treina equipes de atendimento para ajudar nesse trabalho e reduzir riscos aos usuários da rodovia, à população do entorno e o meio ambiente.

Confira a íntegra da nota enviada à reportagem:

A Eco101 esclarece que a responsabilidade da contenção, retirada e limpeza da pista em casos de ocorrência que envolva vazamento e/ou derramamento de carga é da empresa transportadora e o serviço deve ser feito por equipe especializada.

A Concessionária realiza o serviço de isolamento e sinalização do local e aciona as equipes de resgate (PRF, Corpo de Bombeiros e outros), de acordo com o tipo de ocorrência, e em caso de vazamento e/ou derramamento de carga é acionado do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA).

A Eco101 informa ainda que realiza treinamentos com suas equipes para atendimentos de urgência e emergência do usuário, conforme previsão contratual.

Também é realizado anualmente o treinamento de equipes através do Simulado de Atendimento a Emergência com múltiplas vítimas e produto perigoso, com participação de todos os órgãos envolvidos neste tipo de ocorrência.

Este treinamento tem como objetivo aperfeiçoar as técnicas das equipes envolvidas, para que numa situação real haja sinergia entre elas durante o atendimento, garantindo a segurança de todos os envolvidos, minimizando os riscos de um acidente com produto perigoso, danos ao meio ambiente, reduzindo o tempo de resposta ao usuário e prestação de um serviço de qualidade.

Com relação a medidas para evitar este tipo de ocorrência a Eco101 ressalta que é de sua competência dar condições de trafegabilidade na via através de serviços de manutenção, sinalização e conversação da rodovia. E é fundamental que os usuários trafeguem de forma responsável, sempre de acordo com o Código Nacional de Transito e com as normas de segurança.

 

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