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Lagoa Juara volta a ter mortandade de peixes

O espelho d´água estava tomado de peixes mortos no último dia 28. Foto: Divulgação/Reprodução de vídeo

Um dos mais importantes patrimônios ambientais da Serra e do ES, a a lagoa Juara, voltou a ter mortandade de peixes em massa. De acordo com moradores e pescadores da região, o problema começou a cerca de três semanas. E teria sido registrado primeiro no rio Jacaraípe, que liga a lagoa ao mar.

Morador e ativista comunitário da grande Jacaraípe, Alex Silva Filho, publicou, no último dia 28 de outubro numa rede social, vídeo feito por um pescador mostrando os peixes mortos no trecho da lagoa conhecido como Capivari. Ponto localizado na margem norte, perto dos eucaliptais da Suzano (ex-Fíbria e ex-Aracruz Celulose).

“Na lagoa Juara milhares de peixes estão aparecendo mortos. Segundo populares, as autoridades ambientais foram informadas, mas o fato é que isso já vem ocorrendo já há algum tempo, né?”, escreveu Alex na publicação.

No vídeo, o pescador que capturou as imagens narra que dentre os peixes mortos estão tainhas, carapebas, robalos, tucunarés, tilápias e traíras.  Ainda no vídeo, esse pescador afirmar que a mortandade tem sido frequente e prejutica a pesca no local.

Ativista do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff), Claudiney Rocha, mora próximo à lagoa. Ele contou que a mortandade começou há três semanas no rio Jacaraípe, sendo registrada em seguida na Juara, inclusive no ponto considerado menos poluído, localizado perto do bairro São Domingos, na região da Serra Sede.

Claudiney conta que uma equipe do Departamento de Saneamento Básico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) colheu, na semana passada, amostras da água para medir o nível de oxigenação e salinidade da água, entre outros parâmetros.

O ativista lembra que a lagoa é ligada ao mar pelo rio Jacaraípe, sofre a influência das marés e passou a receber muita água salgada depois que a Prefeitura da Serra executou a dragagem do canal do rio, entre 2014 e 2019, até a Praça Encontro das Águas, na praia do Barrote. Por fim, Claudiney frisa que a Juara também sofre com o lançamento de esgoto através dos córregos Doutor Róbson, Das Laranjeiras e do  próprio rio Jacaraípe, neste último caso quando a maré sobre.

Eucaliptais, agrotóxicos e fim da criação de tilápias

À salinização e à poluição por esgoto doméstico que tornaram verdes as águas outrora claras da Juara, se junta o risco de contaminação por agrotóxicos. É que no entorno da lagoa também há extensas plantações de eucalipto da Suzano, onde herbicidas e inseticidas são usados no manejo da produção em escala industrial. Substâncias que podem ser levadas pela água da chuva até a lagoa.

A degradação da Juara está ligada não apenas a monocultura de eucalipto, mas principalmente a acelerada expansão urbana e populacional experimentada pela Serra nos últimos 40 anos. A lagoa chegou a abrigar projeto de criação de tilápias em tanques rede pela Associação de Pescadores local, a partir de 2005. Mas o projeto teve que ser interrompido por volta de 2017, em razão das sucessivas mortandades das tilápias. Àquela altura os pescadores apontavam que as mortandades eram resultados da salinização provocada pela dragagem do rio Jacaraípe – a tilápia é peixe de água doce – combinada com o esgoto despejado na lagoa, que criava um ambiente salobro e de baixa oxigenação na água.

Desde então a Associação passou a criar tilápias numa lagoa limpa em Linhares, norte do ES. E esse pescado vindo de Linhares é o vendido na peixaria da Juara, que fica em frente ao restaurante na orla da lagoa.

Memória

Desde que o jornal Tempo Novo, ainda em sua antiga versão impressa, passou a contar com a editoria de Meio Ambiente, em 2005, o veículo noticiou diversas vezes mortandade de peixes na Juara. Numa das ocasiões, em 2016, a reportagem navegou por trechos da Juara e conseguiu registrar imagens da mortandade. Veja aqui.

Mortandade ocorrida em setembro de 2016. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

Autoridade ambiental

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)  da Serra para saber se o órgão já identificou causas e eventuais responsabilidades pela mortandade mais recente. Porém até o momento não obteve resposta. Caso a Semma se manifeste, esta publicação será atualizada.

 

 

 

Redação Jornal Tempo Novo

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