A lama dos rejeitos de minério da Samarco (Vale + BHP Billiton) que segue descendo pelo devastado rio Doce se espalha pelo litoral capixaba e está mais próxima as praias da Serra.
Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), a onda de lama deslocou-se aproximadamente 10 km ao sul, seis km ao leste e 22 km ao norte da foz do Rio Doce. Os técnicos fizeram um sobrevoo nesta quinta-feira (26).
Isso significa que os resíduos estão a menos de 50 km da foz do rio Reis Magos em Nova Almeida, localidade que está a cerca de 58 km de Regência, Linhares conforme medição feita no Google Earth.
Considerando-se a corrente marítima que percorre o litoral capixaba vinda do nordeste até Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, há risco que ela atinja o litoral da Grande Vitória, em especial após a chegada do vento nordeste.
E isso já traz preocupações. A bióloga e pesquisadora do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper), Márcia Vanacor, tem um cultivo de peixes com o grupo de Associação de Pescadores de Lajinha no rio Pìraquê-Açu, em Aracruz.
“A lama vai entrar no rio (Piraquê-Açu), pois ali o mar avança 22 km e está sujeito a ação de maré. Mas não sabemos como ela vai ficar dentro do estuário. Não conseguimos nem raciocinar, de tanta lama que é. Há controvérsias se ela é tóxica ou não, mas esse excesso já é um grande desastre, que vai levar dez anos ou mais para recuperar. E a tendência que isso fique depositado entre a foz do Doce e a capital do ES, por causa da corrente marítima chamada giro de Vitória”, explica.
Já a Secretária de Meio Ambiente da Serra, Andreia Carvalho, disse que o município está acompanhando a evolução da lama junto com órgãos estaduais e federais. “É remota a possibilidade de atingir as praias da Serra. Mas, se isso acontecer, tomaremos medidas para proteger os pescadores e banhistas”, adianta.
Andreia também não descarta acionar judicialmente as mineradoras responsáveis pelos danos que isto poderá causar ao município. Na tarde de ontem (29) o navio da Marinha, que vai fazer o monitoramento da lama no litoral e na foz do rio Doce, chegou à Regência, em Linhares.