Clarice Poltronieri
Os resíduos da extração de minério de ferro que vazaram com o rompimento da barragem da Samarco ontem (05) em Mariana, Minas Gerais, já chegaram ao rio Doce e devem atingir Colatina e Linhares na próxima segunda (09). É o que afirma o boletim do CPRM/ Serviço Geológico do Brasil que foi publicado nesta sexta (06).
Segundo o boletim, na estação de Colatina, os resíduos devem chegar por volta da tarde da segunda-feira (09); em Linhares, a previsão é para a noite de segunda para terça. A orientação do Comitê da Bacia do Rio Doce é que a população tenha reservatórios de água, pois não se sabe as condições que a lama chegará e se será possível captá-la e tratá-la.
“Acabamos de receber o boletim da Bacia do Rio Doce. Se a lama chegar muito intensa, não terá como captar água para distribuir. Esperamos que chegue branda”, disse Luciana Vieira, funcionária do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear).
O jornal mineiro O Tempo noticiou que na cidade de Rio Doce, em Minas Gerais, cerca de 100 km de distância do local do acidente, o manancial já foi atingido.
A reportagem acionou a Samarco e a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), mas as assessorias de imprensa ainda não deram retorno. A assessoria do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) disse que o acompanhamento é realizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e que o Iema só será acionado se os rejeitos atingirem a porção do Rio Doce localizada no Espírito Santo.
Já a assessoria de imprensa da Superintendência Regional do Ibama no ES, falou que a situação não é de competência do órgão, mas do MMA (Ministério do Meio Ambiente)/ ANA (Agência Nacinal das Águas). A reportagem já solicitou posicionamento desses órgãos.
O acidente
A ruptura da barragem Fundão, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, Minas Gerais, ocorreu na tarde desta quinta (5) por volta das 15h30. Duas mortes já estão confirmadas e há pelo menos treze pessoas desaparecidas.
O engenheiro civil da Samarco, Germano Silva Lopes, em entrevista coletiva no local, informou que ainda desconhecem as causas do acidente e que um tremor foi sentido cerca de uma hora antes da ruptura. “De imediato, fomos até ao local para fazer inspeções e constatamos que, naquele momento, a barragem não apresentava nenhuma anomalia. Nós não sabemos como se deu o processo de ruptura e foi um momento muito rápido”, afirmou.
As proprietárias da Samarco são a australiana BHP e a mineradora Vale. Esta última é dona de lavras de extração de minério em Itabirito, outra cidade mineira nas cabeceiras do rio Doce. O acidente ambiental causou repercussão internacional e pode ter sido o pior que já ocorreu em Minas Gerais.