Ayanne Karoline
Junto com a lama de minério que devastou o rio Doce, vinda da barragem da Samarco (Vale + BHP Billliton) rompida há 16 dias em Mariana – MG, chegou também ao município capixaba de Colatina o prejuízo para comerciantes e donos de indústrias. Há quem já sofra com o corte no abastecimento de água, que aconteceu na noite da última quarta – feira (18) e prevê baixas nas receitas.
Proprietário do restaurante “Casa dos Lanches”, o morador de Colatina Wilson Gon disse que o movimento do estabelecimento já caiu em 60% após o corte no abastecimento. Ele afirma que as pessoas estão assustadas com o atual cenário. “
Outro problema que estou encontrando é a logística para buscar água nos pontos determinados pela Prefeitura. É longe e, no final, não está sendo suficiente para manter o negócio funcionado normalmente. O prejuízo será grande no fim do mês”, disse.
Já a GB Lavanderia, especializada em lavagem de jeans, não mensurou o prejuízo, mas já admite baixas na produção. “Estamos buscando alternativas para abastecimento porque dependemos totalmente da água. Esse problema só veio a piorar uma situação que já estava agravada com a crise”, ressaltou o engenheiro industrial responsável pela empresa, Gilberto de Oliveira.
O vice-presidente da Associação de Empresários de Colatina e Região (Assedic), Adauto Lemos, destaca que a situação é muito grave, mas ainda não é possível mensurar a extensão. “Não haverá fechamento de empresas ou demissões, à princípio. Mas já podemos falar certamente em comprometimento temporário de receitas”, afirmou.
Segundo Lemos, o setor de comércio de Colatina deve sofrer, principalmente os ramos que dependem totalmente de água para higiene e serviços, como as lavanderias e estabelecimentos de alimentação. “A orientação é cautela e conscientização neste momento. É preciso trabalhar preventivamente para evitar baixas ainda maiores”, ressaltou.
Outro setor que deve sofrer um baque é a indústria de confecções, que tem importante polo na cidade e depende de muita água para produzir.
O rio Doce era a única fonte de abastecimento de Colatina. A Samarco, junto com o Governo do ES, abriu poços artesianos e espalhou caixas d’água por diversos bairros da cidade, mesmo assim mais de 70% do fornecimento de água estava comprometido nesta sexta (20).
A empresa também começou a distribuir água mineral na cidade, mas nas primeiras ações foram registrados tumultos entre a população na última quinta (19). A expectativa é que nesta sexta (20) a distribuição tivesse o apoio do Exército, que está na cidade.