Yuri Scardini
Depois do radical corte de investimentos e até de custeios em todo o ES e a crise na segurança pública capixaba, o governador Paulo Hartung partiu de vez para o tabuleiro partidário rumo às urnas de 2018. A estratégia parece ser encurralar a turma do ex-governador Renato Casagrande (PSB) no que tangue aos arranjos partidários, isolando-a. E isso, ninguém pode questionar, Hartung é “o cara” para este tipo de movimentação.
Hartung deixou de vez o argumento “técnico” de escolha de nomeados para o governo e partiu para acomodar lideranças das mais diversas siglas partidárias. Diminuindo a capacidade de articulação dos membros do núcleo casagrandista.
Além de trazer partidos como PTB e PRP que estavam na planície política, Hartung fortalece seu relacionamento com DEM, PSD, PDT, PT e PSDB.
Falando em PT, a eleição interna da sigla está pegando fogo. Hartung não pode deixa o PT solto, é um risco para os planos do governador. A eleição petista virou cabo de guerra entre Hartung e Casagrande.
Diante das pesquisas de intenção de voto para presidência, que colocam Lula em primeiro lugar, o PT é uma peça chave. Caso o grupo encabeçado por Givaldo, que é ligado a Casagrande, tome o controle de Coser e sua turma (que tem relação umbilical com Hartung) abrirá uma possibilidade para o PT e o PSB se unirem em 2018, ainda mais pelo fato do PSB dificilmente apresentar um nome para presidente.
Se Hartung conseguir manter seus aliados no PT, como fazer para conciliar o PSDB no grupo? A saída pode ser simples, inventar uma chapa alternativa. Igual foi à eleição de 2014, quando o então deputado estadual Roberto Carlos, do PT à época, veio na condição de candidato ao governo, e deixou Casagrande a ver navios. Com isso, mesmo no cenário nacional, caso o PT e o PSB decidam caminhar juntos, Hartung teria espaço para descontruir essa aliança aqui no ES.
O que sobrou para Casagrande? O PHS, o PPS e o PV e alguns outros partidos de menor expressão. Apesar de ter o prefeito de Vitória, Luciano Rezende, não se vislumbra em nenhum desses três partidos, uma base substancialmente forte para colocar candidaturas de senador e até de federal, com competitividade.
Da Rede de Audifax ao PDT de Vidigal
Neste cenário, não é impossível pensar na Rede compondo com este grupo, trazendo o prefeito Audifax Barcelos para a cabeça de chapa e o próprio Casagrande na condição de senador. Até porque, a Rede tem o nome de Marina Silva para a presidência, o que pode contribuir para a junção dos partidos.
Também não é impossível que o núcleo de Casagrande termine com o PDT do ex-prefeito Sérgio Vidigal. O PDT também tem nome para presidência. Ciro Gomes. Seria uma ironia do destino se Marina Silva e Ciro se unissem, com Marina vindo na vice do pedetista. Este sem dúvida seria o cenário mais atraente para o PSB de Casagrande, pois teria espaço para trazer ambas as siglas para o seu lado e com isso ofertar um leque de candidatos muito promissores na chapa, rivalizando para valer com a turma de Hartung.
Além das dúvidas partidárias, tem as incógnitas políticas. Amaro Neto (SD) é uma delas. O deputado mostrou que tem capilaridade eleitoral durante a campanha de prefeito ano passado. Pensar em Amaro para federal é bem possível. Há quem diga que até para senador ele teria condições para vir, mas aí, a briga é de cachorro grande.