Dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil revelam a magnitude do problema que a Serra pode enfrentar em 2024: a produção nacional de aço bruto caiu 7,1% entre janeiro e novembro de 2023, comparado ao mesmo período do ano anterior. Além disso, no mesmo intervalo, as importações subiram 50%, com a maioria vindo da China, e a expectativa é de um aumento ainda maior em 2024. Essa situação coloca as siderúrgicas brasileiras, incluindo a ArcelorMittal Tubarão, âncora da economia da Serra, em uma posição difícil com excesso de produção, prejuízos e incertezas.
A economia da Serra é fortemente influenciada pela ArcelorMittal, e tudo que afeta a planta localizada na Ponta de Tubarão impacta também a cidade. Esse cenário deve-se, em grande parte, à inundação do mercado brasileiro por produtos chineses a preços subsidiados, sem a devida resposta do Governo Federal com medidas de proteção econômica. Recentemente, a ArcelorMittal anunciou uma desaceleração produtiva, semelhante a outras gigantes do setor. Em setembro de 2023, o presidente da empresa, Jefferson De Paula, informou que a ArcelorMittal Brasil produziria 1,3 milhão de toneladas a menos de aço que em 2022.
Em outra usina da empresa, localizada em Resende (RJ), foi realizada uma parada técnica e cerca de 400 empregados foram colocados em férias coletivas. Essas medidas podem se estender a outras plantas, como a da Serra. Geralmente, tais ações antecedem demissões em massa, caso a situação econômica não melhore. A crise já atingiu a Serra, com o Grupo ArcelorMittal anunciando um corte de produção na unidade local (a maior do conglomerado) de cerca de 20% nas chapas de aço e 10% na laminação no quarto trimestre de 2023. Segundo o Portal Notícias de Mineração Brasil, a Arcelor confirmou que a redução é uma resposta ao aumento das importações.
Durante uma coletiva em evento do Instituto Aço Brasil, Jefferson De Paula descreveu o momento como crítico, alertando para o risco iminente de demissões e o possível impacto na economia. Ele mencionou que o ritmo de importações está acelerando e que a concorrência é desleal. De Paula confirmou que, mantendo-se o cenário atual, o plano de investimentos do setor de US$ 2,4 bilhões por ano, entre 2023 e 2027, estará em risco.
A China é a maior consumidora mundial de aço, mas sua demanda pelo produto caiu devido à desaceleração econômica que o país enfrenta. Nos últimos anos, o crescimento chinês ficou abaixo dos 7%, quando antes ultrapassava os 10% ao ano. Esse cenário piorou no contexto siderúrgico com a crise do mercado imobiliário chinês, um dos grandes consumidores de aço.
Além de reduzir a compra de aço, a China começou a exportar sua produção, que é a maior do mundo. Assim, o aço chinês chegou ao Brasil com preços subsidiados pelo governo chinês, criando uma concorrência desleal contra os produtores nacionais, já que em algumas ocasiões o preço do aço chinês está abaixo do custo brasileiro. Além disso, a produção chinesa é comparativamente mais barata, por não ter as mesmas obrigações ambientais existentes no Brasil.
Não foi apenas o Brasil que foi impactado pelo excesso de aço chinês no mercado global; outros países adotaram medidas de elevação das alíquotas de importação. Os Estados Unidos e o México, por exemplo, passaram a cobrar 25% de impostos sobre a importação de aço. O Brasil cobra 9,6%; houve alguma mudança quando, em 1º de outubro de 2023, o governo elevou para até 14% a taxa de importação para 12 produtos da cadeia do aço, mas a medida foi criticada pelo setor, por não atender às necessidades da siderurgia nacional. Assim, o Brasil continua sendo atrativo para os chineses.
Em setembro, o Instituto Aço Brasil, representando os interesses da siderurgia nacional, enviou um pedido ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, solicitando que as alíquotas dos produtos mais afetados pela inundação chinesa fossem elevadas para 25%. “A luz amarela acendeu em julho e em agosto a situação ficou mais crítica. Estamos enfrentando uma verdadeira avalanche de aço, principalmente da China”, disse na época o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. No entanto, até o momento, o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tomou medidas consideradas eficientes na proteção do mercado brasileiro. Analistas acreditam que tais medidas podem criar dificuldades comerciais com os chineses e resultar em retaliações em outros mercados.
Líder no Brasil na produção de aço e um dos maiores em mineração no mundo, o Grupo ArcelorMittal tem na Serra a sua maior planta produtiva, empregando 5 mil funcionários diretos e 5 mil indiretos. Em 2023, a empresa completou 40 anos de operações na Serra, marcando desde a fundação da antiga Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), que iniciou suas atividades em 30 de novembro de 1983.
Inicialmente, a capacidade operacional era de 3 milhões de toneladas por ano, que evoluiu para 7,5 milhões de toneladas anuais. Ao longo desses 40 anos, o portfólio de produtos também se expandiu, passando de placas de aço para o mercado externo para incluir bobinas, abrindo novas oportunidades no mercado interno desde a implantação do Laminador de Tiras a Quente (LTQ) em 2002.
A Arcelor foi diretamente responsável pela transformação industrial da Serra, que se tornou a maior economia entre as cidades capixabas. Um dos cases ambientais de maior sucesso da empresa é originário da Serra. Trata-se do Programa Evoluir, um dos maiores do mundo em seu segmento. Criado pela ArcelorMittal Tubarão após a assinatura do Termo de Compromisso Ambiental (TCA) nº 36/2018, com o Governo do Estado e o Ministério Público, o Programa prevê quase R$ 2 bilhões em investimentos, superando até os investimentos governamentais somados. Além da sua própria relevância econômica, toda uma cadeia de negócios está associada a ela, o que faz da Serra a líder do PIB industrial capixaba.
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