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Lições da superseca

Por Bruno Lyra

A chuva voltou a dar as caras e os prognósticos da meteorologia são de que ela virá generosa nesta virada de primavera para o verão, interrompendo uma seca histórica que castiga o estado há três anos. Secas sinistras já aconteceram no passado, elas são cíclicas. Mas nunca tinha sido registrada uma tão devastadora. Diante disso, ficam algumas lições.

A primeira é que a Grande Vitória não pode mais depender de fios d’água para o abastecimento. Nossos rios são de pequeno porte – à exceção do rio Doce, contaminado com metais presentes da lama da Samarco por tempo indeterminado – e ainda sofrem com desmatamento, ocupação desordenada, estradas vicinais mal feitas, esgoto doméstico, industrial e agrotóxico. Equação cujo resultado é água em pouca quantidade e má qualidade.

Logo é preciso uma represa grande no rio Jucu. No Santa Maria, cujo esgotamento é ainda mais evidente, o ideal seria fazer uma segunda represa. No rio Reis Magos, que vai ajudar a abastecer a Serra com um novo sistema cujas obras estão previstas para ficarem prontas até o fim do ano, também é preciso represa.

Até porque a vazão deste rio é ainda menor que a dos outros e nas épocas de seca, pode não haver água suficiente para a captação de 500 litros por segundo planejada pela Cesan. Implantar tais represas é para ontem, não dá para esperar as novas secas virem. Até porque é consenso científico e entre os chefes de estado da maioria das nações de que as mudanças climáticas farão eventos extremos ficarem cada vez mais fortes, como as secas ou mega tempestades.

A outra lição é que a política de reflorestamento precisa ser mais agressiva. Programas estaduais como o Reflorestar ou os Produtores de Água não têm a abrangência que a necessidade exige. O governo tem que fazer cumprir a lei e obrigar donos de terrenos a deixar as matas se recuperarem na beira dos rios.

A terceira é de que é preciso criar mais reservas ambientais em bacias estratégicas, como nas dos rios Jucu, Santa Maria, Reis Magos e Benevente. Este último atende Guarapari, principal ponto turístico do litoral e que tem crônico problema de falta d’água.
A quarta é a reutilização do esgoto tratado, principalmente no complexo de Tubarão, maior consumidor da Grande Vitória. No início de 2015 o governador Paulo Hartung (PMDB) prometeu, em entrevista a este que vos escreve, que isto aconteceria até o fim do seu mandato.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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