Por Conceição Nascimento
Após a reeleição de Dilma Rousseff (PT), que derrotou Aécio Neves (PSDB), lideranças políticas do Estado analisaram o resultado das urnas e apontaram as expectativas em relação ao próximo Governo, quando o PT segue para o seu quarto mandato. O Espírito Santo foi um dos estados onde Aécio venceu. Mas na Serra deu Dilma.
O governador eleito Paulo Hartung (PMDB), que pediu votos para Aécio Neves (PSDB), concedeu entrevista coletiva logo após a divulgação dos resultados. Disse que o Espírito Santo virou um importante provedor de energia, decisivo para o desenvolvimento econômico do Estado, sendo o segundo produtor de petróleo no país e importante produtor de gás.
“Os capixabas esperam que o Estado tenha contrapartida do Governo central proporcional ao que contribui para o desenvolvimento do Brasil. Os capixabas estarão juntos para defender aquilo que é nosso direito e que não é favor de ninguém”, disse o peemedebista.
Já o governador Renato Casagrande (PSB), que no segundo turno também apoiou Aécio, disse que espera da presidenta reeleita capacidade de unir o país. “Assim como espero que se empenhe, nos próximos quatro anos, em reescrever a longa história de discriminação e desequilíbrio que marca a relação entre o Governo Federal e o Espírito Santo”, aponta.
O prefeito da Serra, Audifax Barcelos (PSB), falou que acredita em uma melhor relação entre de Dilma e o ES. Ele espera que as verbas federais continuem chegando. “A eleição acabou. A partir de hoje a presidente precisa ser uma estadista e trabalhar pelo desenvolvimento igualitário de todas as regiões e cidades. Nossa esperança é que as coisas melhorem em relação aos repasses de recursos aos municípios capixabas”, destacou Audifax, cujo partido caminhou com Aécio Neves(PSDB) no segundo turno.
Dividido
O PMDB ficou dividido nestas eleições, ocupando a vice-presidência na chapa do PT, mas com parte da legenda apoiando Aécio Neves. O deputado federal reeleito Lelo Coimbra (PMDB) é mais um que considera que o governo petista está em débito com o estado. “Devemos ter uma condicionante dos nossos apoios relacionados às responsabilidades que o Governo federal tem e não cumpriu com os capixabas”, lembra.
O deputado disse que era previsível uma eleição apertada e que o grande desafio de Dilma é promover de fato uma mudança. “A rua não quer esse modelo aparelhado de Governo onde denúncias de corrupção não fiquem claras. É preciso menos propaganda e mais obras. Espero que a presidente tenha aprendido o recado das ruas”, alfineta.
Petista nega isolamento do ES
A vice-prefeita da Serra, Lourência Riani (PT), comentou que a presidente reeleita já deu o tom do novo Governo, onde promete a reforma política e a tributária, além de abertura para o diálogo com demais partidos e a sociedade.
“No Estado já esperávamos a vitória de Aécio, já que a mídia colocou sobre os ombros da presidente Dilma um isolamento do Espírito Santo, o que não é verdade. Lula ajudou a recuperar a economia do Estado quando antecipou o repasse dos royalties de petróleo na gestão de Paulo Hartung (PMDB), mas este não reconhece”, critica.
A petista avalia que o novo governo seguirá com os compromissos para o social e políticas econômicas para o controle da inflação. “Na Serra, recuperamos nossa tradição de eleger uma petista para a presidência”, emendou.
Para o presidente estadual do PT, João Coser, o resultado apertado é uma divisão real. “Estamos satisfeitos com os resultados nos Estados. Entendemos que isso é natural depois de três governos consecutivos. A disputa foi do PT contra todos os outros, inclusive o PMDB, nosso vice na chapa. É preciso fazer uma reforma política para fortalecer a democracia”, defende.
Números
No estado Aécio ficou na frente com 1.064.067 votos (53,85%). Em Dilma votaram 911.906 (46,15%). Na Serra, Dilma levou a melhor com 117.824 mil votos (55,36%). Já Aécio obteve 94.997 votos (44,64%).
No país Dilma totalizou 54.501.118 votos (51,64%), contra 51.041.155 (48,36%) de seu concorrente Aécio Neves (PSDB).