Acúmulo de gordura nas pernas, inchaço e desproporcionalidade do corpo, principalmente em mulheres, podem ser sinais de lipedema, uma doença crônica e ainda pouco conhecida.
Reconhecida apenas em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com um CID, a classificação internacional de doenças, a enfermidade caracteriza-se pelo acúmulo anormal de gordura dolorosa em regiões específicas do corpo, como pernas, braços, joelhos e coxas. Estima-se que uma em cada dez mulheres tenha a doença no mundo, segundo dados da Sociedad Española de Medicina Estética (SEME).
No vídeo compartilhado em sua conta do Instagram, Tatiana Maranhão explica que desde a pré-adolescência sabia que havia algo de errado com as suas pernas e coxas, que a partir dos 12, 13 anos, começou a ficar com uma gordura desproporcional. “Fui a muitos endocrinologistas, tomei muitos remédios para emagrecer, fiz dietas erradas quando deveria fazer uma dieta anti-inflamatória”.
A cirurgiã plástica e professora da Ufes Patricia Lyra alerta que o lipedema não é uma gordura localizada. “A doença acomete quase exclusivamente mulheres, desencadeada por momentos de desequilíbrio hormonal. Menopausa, gravidez e uso de anticoncepcional acabam sendo gatilhos para a doença. O surgimento tem a ver com o fator genético também”, explica.
Segundo a especialista, apesar de ser mais comum do que se imagina, o quadro costuma ser confundido com obesidade. Muitas mulheres tentam emagrecer de todas as formas, fazem dietas, praticam exercícios físicos, mas não conseguem diminuir a gordura das pernas, gerando grande frustração.
A repórter do Mais Você Juliane Massaoka é exemplo disso e usou a sua conta nas redes sociais para alertar as mulheres sobre a doença, que não tem cura. “Sem saber que eu tinha lipedema, na minha cabeça, eu pensava: essa dieta não funcionou 100%, eu perdi tanta barriga, tanto braço, mas não perdi perna. Então, talvez, eu não tenha tido força de vontade de chegar até o final da dieta, para malhar o quanto eu precisava”, relata.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, feito por meio da história clínica da paciente e do exame físico, outros exames podem ser solicitados para descartar outras doenças. O lipedema pode ser classificado em cinco tipos diferentes, conforme a localização, e em 4 estágios, considerando a gravidade da doença. O tratamento deve ser individualizado e multidisciplinar.
Sinais da doença
– Corpo desproporcional, com a parte inferior maior que a superior
– Dores locais
– Peso nas pernas
– Inchaço
– Hematomas
– Dificuldade para subir escadas e/ou andar
– Dificuldades e desconforto para usar calças
– Não obter resultados com a inserção de dietas e exercícios físicos
Tratamento
Há dois tipos de tratamentos para o lipedema, o clínico e o cirúrgico.
O clínico inclui dieta balanceada e personalizada, considerando as particularidades da paciente e iniciando pela inclusão de alimentos anti-inflamatórios; exercícios físicos de baixo impacto, especialmente atividades aquáticas. Além disso, inclui-se drenagem linfática e uso de meias de compressão.
Já o cirúrgico é feito com lipoaspiração e deve ser realizado por médico habilitado, como o cirurgião plástico.
A médica Patricia Lyra reforça que, independentemente do tratamento, é essencial a assistência de uma equipe multidisciplinar, formada por angiologista e cirurgião vascular, cirurgião plástico, dermatologista, ginecologista, endocrinologista, nutricionista, fisioterapeuta e, em alguns casos, psicólogo.