Por Eci Scardini
Quando o romancista, dramaturgo e poeta alemão, Bertolt Brecht, que viveu entre 1898 e 1956 escreveu o texto acima não imaginava que na América do Sul, no Brasil, no Espírito Santo e na Serra, uma mulher iria encarnar o estado de espírito que emana de cada palavra do seu texto. Essa mulher é Luiza Dias Barbosa, que morreu na última segunda-feira (16) e foi sepultada na terça (17).
Luiza não foi uma mulher efêmera nessa cidade eclética; foi uma mulher única. Educadora, professora, líder comunitária, ativista social, militante política; uma mulher que soube fazer da sua simplicidade, humildade e sabedoria a sua grande arma e com isso lutar o bom combate.
Desde a década de 1970, Luiza enfrentava os desafios de fazer política comunitária em uma cidade de feudos. Passou por José Maria Feu Rosa, João Baptista da Motta, Adalto Martinelli, Sérgio Vidigal e Audifax Barcelos. Sempre com a sua peculiar educação, voz mansa, habilidade com as palavras; mas firme no posicionamento e nas suas convicções de retidão e moral inabalável.
Teve presença e passagem marcante pelo movimento popular; militou por décadas no PSB e por último no PCdoB. As últimas duas décadas foram dedicadas ao bairro Jardim Limoeiro e a estimular jovens e adolescentes em estado de vulnerabilidade social á prática esportiva e a estudar, como forma de mudar uma trajetória predestinada ao fracasso.
Muitos jovens hoje, bem sucedidos ou bem encaminhados agradem à Luiza, que batia de porta em porta em busca de apoio para o time de futsal de Jardim Limoeiro que ganhou projeção estadual com títulos e vitórias memoráveis e através dos ensinamentos e da disciplina do esporte, portas como as da UCL e de dezenas de empresas se abriram para eles.
Esses mais de 40 anos de militância política, social, comunitária e de entrega ao próximo sempre foram pelo caminho da honestidade e da retidão.
Luiza fora internada na UPA de Carapina com quadro de infecção urinária e depois transferida para um hospital de São Mateus onde foi acometida de um quadro de pneumonia e não resistiu, vindo a óbito.