Em Nova Almeida, um dos lugares mais antigos do Brasil está o manguezal do rio Reis Magos. Apesar de protegido por lei e estar numa região com apelo histórico e turístico, o manguezal não está livre de ameaças, além da redução da quantidade de peixes e caranguejos.
Tanto que ainda há lançamento de esgoto sem tratamento no rio. Basta uma caminhada entre a ponte velha e a ponte nova, do lado de Nova Almeida, para ver as manilhas despejando água suja. Outro problema é a expansão da cidade, incluindo as ameaças de invasões. Na orla de rio entre as duas pontes o manguezal já não existe mais.
Após esse trecho, subindo o rio em direção ao antigo bairro Chapadão (atualmente Parque Residencial Nova Almeida), há menos construções nas margens. Mesmo assim é possível encontrar aterros e até muros que chegam ao espelho d’água do Reis Magos. A quantidade de lixo também não passa despercebida.
No lado aposto do rio fica o balneário de Praia Grande, já no município de Fundão. No trecho entre as duas pontes, diferente do que ocorre em Nova Almeida, ainda há manguezais. Contudo, existem outros pontos de Praia Grande em que as casas e ruas foram sendo expandidas até a beira do rio, acabando com o manguezal.
Segundo o morador de Nova Almeida, Getúlio Otávio da Silva, a condição ambiental do Reis Magos e seus manguezais piorou muito nos últimos 20 anos. Ele, que pesca por lazer há mais de 40 anos no local, afirma que o rio ficou muito assoreado e caiu a quantidade de peixes, caranguejos e moluscos.
“Hoje é difícil ver caranguejo uçá, goiamum e até o aratu. Ainda tem o camarão lameirão e a concha ameixa, mas a quantidade caiu. A mesma coisa aconteceu com os peixes tainha, ticupá, caçari e robalo” conta.
Reserva ambiental
Segundo assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), só na margem do Reis Magos que fica na Serra os manguezais ainda cobrem uma área de 510 hectares – o equivalente a mais de 500 campos de futebol.
Quanto à situação do esgoto, a Semma disse que a Parceria Pública Privada (PPP) na coleta e tratamento deve ampliar o serviço para 95% da população até 2024. Sobre ocupações irregulares no mangue, a Semma disse que combate com a ajuda da PM e da Guarda Municipal. A assessoria revelou ainda que o Plano Diretor Municipal (PDM) prevê a criação de uma reserva ambiental nos mangues do Reis Magos, mas não há prazo para isto acontecer.