O desmatamento da restinga que cobria o morro entre as praias da Bacutia e dos Padres em Guarapari, município do litoral sul do estado, vem gerando polêmica. Isto porque a ação foi autorizada pelo governo do Estado através do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e pela Prefeitura de Guarapari, que liberou a construção de um condomínio de casas de luxo no local.
Na página do jornal on line ‘ES Em Foco’ no Facebook, internautas se manifestaram. “Cada vez mais difícil….sem palavras”, desabafou Lua Deique Peres. “Deve ser ganância imobiliária?”, questionou Edna Saoliveira.
Em reportagem do segunda-feira (07) do jornal Folha da Cidade, sediado em Guarapari, foi publicada a informação de que a Associação de Moradores da Enseada Azul (Ameazul), como é conhecida a região, chegou a acionar a Justiça para impedir a obra. Mas não teve sucesso, segundo a publicação.
No último domingo (06) a reportagem de Tempo Novo esteve na região e ouviu relatos de aparecimento de cobras na área urbana e até na areia das praias, fato que teria sido notado após o desmatamento, já que os animais perderam boa parte do habitat.
Através de sua assessoria de imprensa, o Idaf disse que “a propriedade em questão tem licença ambiental para a instalação de empreendimento imobiliário emitida pela prefeitura. Coube ao Idaf, após a emissão da referida licença, avaliar a vegetação requerida para supressão. Diante disso, o Idaf autorizou a supressão de uma área de 2,3 hectares de vegetação nativa em estágio inicial de regeneração com forte infestação de espécies exóticas. O local não está inserido em Área de Preservação Permanente (APP) de acordo com o Código Florestal Brasileiro”.
Também pela assessoria de imprensa, a Prefeitura de Guarapari disse que o Plano Diretor Municipal (PDM) aprovado em 2007 define que a área em questão é Zona Residencial 01, que permite a construção de edificações com até dois andares.
A assessoria acrescentou que a Pacífico Empreendimentos LTDA, que é a responsável pelo desmate, construirá condomínio de casas com dois pavimentos e que as Zonas de Proteção Ambiental (ZPA) existentes no entorno serão preservadas.
Estado também deu aval para desmate na Serra
Em julho o Idaf também deu uma autorização para desmate de 8,3 hectares de floresta na área rural da Serra entre a lagoa Juara e o rio Reis Magos, a cerca de 3km da localidade de Putiri. Da mesma forma que a situação de Guarapari, o caso gerou polêmica. Tanto que a secretária de Meio Ambiente da Serra, Graciele Petarli, disse na última quinta-feira (03) que havia área em estágio médio de regeneração da mata Atlântica no local e que por isto a autorização não deveria ser dada.
Ela lembrou que o caso está sob investigação do Ministério Público Estadual. O Idaf, por sua vez, já havia dito que autorizou esse desmate porque a vegetação estava em estágio inicial de regeneração, o proprietário do terreno possui reserva legal e cadastro ambiental rural em dia, além do fato do local objeto do corte não estar em Área de Preservação Permanente (APP).