Com as obras iniciadas há duas semanas, o Contorno do Mestre Álvaro vai provocar irreversível impacto ambiental numa das últimas fronteiras não urbanizadas da Serra, abrangendo terrenos alagados, alagáveis, mata Atlântica em estágios diferentes de recuperação, pastagens e plantações. Além de habitat de espécies nativas de plantas e animais, a estrada cortará o corredor ecológico Duas Bocas – Mestre Álvaro, área de grande biodiversidade e trânsito de animais entre as duas reservas ambientais.
Para reduzir os impactos negativos ao meio ambiente, uma série de medidas deverá ser adotada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), executor da obra. Medidas estas estabelecidas pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) aprovado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), licenciador do empreendimento.
Uma das medidas previstas é a instalação de passagens de fauna, que podem ser tanto túneis por baixo da pista quanto pontes para que bichos possam atravessar em segurança. Também está prevista a instalação de redutores de velocidade em pontos próximos a alagados e florestas, onde se presume que o fluxo de animais seja maior.
O EIA prevê que 168 espécies de animais sofrerão com a estrada, e alerta que algumas poderão ser extintas da região, sendo: 68% aves, 11% mamíferos, 10% anfíbios, 6% répteis e 5% peixes.
De vegetação, serão destruídos 30 hectares (ha), com 63 espécies, para passar a pista de 18,26 km entre o polo Jacuhy, Rodovia do Contorno de Vitória, e as imediações do posto da Polícia Rodoviária Federal, na região de Serra Sede. A faixa de domínio – que inclui pista, acostamento e ciclovia, mais as bordas do talude do aterro – terá 60 metros de largura.
Desses 30 ha, 24 ha são de vegetação de brejo, 5,5 ha de mata Atlântica (um hectare em estágio médio e 4,5 hectares em estágio inicial de regeneração).
O estudo aponta, também, a necessidade de proteger bordas de talude durante e após as obras para reduzir o assoreamento dos brejos e córregos da região que integram bacias do rio Santa Maria/Canal dos Escravos e rio Reis Magos; da mesma forma que impõe a tarefa de recuperar áreas degradas pela obra e, ainda, a necessidade de garantir o fluxo de água nos córregos, minimizando o efeito dique que a estrada deve gerar.
O EIA revela, também, a presença de solos de turfa com até 10 metros de profundidade na região e a existência de quatro sítios arqueológicos.
Compensação ambiental na Serra e em Cariacica
Como é uma obra de grande impacto à natureza, ela terá que pagar compensação ambiental no valor de pouco mais de R$ 1 milhão. Serão beneficiadas a Reserva Biológica de Duas Bocas, além das Áreas de Proteção Ambiental do Mestre Álvaro e do Morro do Vilante, essas duas últimas na Serra.
De acordo com a secretária de Meio Ambiente do município, Áurea Galvão, as Apas da Serra, administradas pela Prefeitura, dividirão R$ 800 mil da compensação ambiental. A secretária ressaltou, ainda, que tem dialogado com o Iema para ações em conjunto de fiscalização da obra.
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