Clarice Poltronieri
Mais de cinco mil quilômetros de distância da família e amigos, lidar com um idioma e cultura diferentes: são os desafios dos cubanos que trabalham na Serra pelo programa federal Mais Médicos.
O clínico geral Ruben Arzuaga Aguilar, 28 anos, está no Brasil há três meses e atua na Unidade de Saúde (US) de Vila Nova de Colares, mas mora em Laranjeiras. Em Cuba, na cidade de Granma, ficou sua esposa e o filho de dois anos, além dos demais familiares.
“Dá saudade, mas sair do meu país para trabalhar faz parte do que nos ensinam na medicina: vamos onde precisam de nós. Ganhamos a oportunidade de aprender sobre doenças diferentes, além de conhecer outros povos e culturas. Ano que vem receberei visita de minha esposa e meu filho. Vão ficar três meses”, conta.
Ruben vai trabalhar de ônibus e não deixa de aproveitar as folgas. “Gosto de ver documentários, vou à academia e às vezes num bar ou restaurante com amigos brasileiros e outros cubanos que moram perto”, acrescentando que recebe ajuda de outros profissionais da US quando ele não entende algumas palavras no serviço.
Atuando na US de Feu Rosa, a clínica geral Mauris Sanches Capó, 26 anos, da cidade de Guantánamo, também não viu dificuldade em se adaptar e frisa que o médico deve estar onde é preciso.
Solteira, ela fala de sua rotina e planos. “Trabalho, casa, academia. Divido casa com outra médica e nós cubanos moramos perto uns dos outros. Nos fins de semana vamos à praia, ao barzinho e fazemos churrasco. Pretendo ir para outro país quando acabar a missão. Mas também quero casar e ter filhos”, revela.
Segundo a prefeitura Serra, a cidade é a que mais tem profissionais do Mais Médicos no ES – 85 – sendo 47 brasileiros, 32 cubanos, 4 argentinos e 2 bolivianos.