Por Eci Scardini
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estadual, em fase de articulação entre deputados estaduais, para possibilitar o deputado Teodorico Ferraço (DEM) a ter direito de disputar mais um mandato de presidente daquela Casa de Leis, que se der certo seria o seu quarto mandato consecutivo, ao que tudo indica deve mesmo avançar. E o sentimento entre boa parte dos deputados é de que uma vez aprovada, Ferraço será reeleito.
Entre uma conversa e outra com alguns deputados, nota-se que a preocupação maior é com o bom andamento do parlamento do Estado. Fica latente que é melhor sacrificar um pouco o rodízio na cabeça do comando da Mesa Diretora, a colocar na presidência um deputado que não tenha os atributos necessários para um bom andamento da Casa de Leis.
Teodorico é tido como um bom presidente para os deputados, um excelente resolvedor de problemas dos seus pares, sabe lidar com as artimanhas vindas do Palácio Anchieta, tem o respeito de órgãos como Tribunal de Justiça, de Contas e Ministério Público. É também visto como um bom gestor que levou a Assembleia Legislativa do Espírito Santo a ser a segunda mais transparente do país e que ainda consegue devolver recursos para o Estado no final do exercício.
O que se pode observar nas conversas, é que o governador Paulo Hartung (PMDB) não vai trabalhar para o sim e nem para o não, mas para quem entende, um pingo é letra: ao se manter neutro, Hartung dá o aval para a PEC e para mais um mandato de Teodorico na presidência da Assembleia. Para o governo é melhor tê-lo sentado na cadeira de cima do que na de baixo, junto com os demais deputados onde Ferraço ficaria com a cabeça vazia e teria tempo para pensar, orquestrar e executar as maldades que sabe fazer muito bem.
Cargos da Mesa no centro da discórdia
Mas há insatisfações registradas contra a reeleição de Ferraço. E elas vêm de duas direções. Uma é de dois deputados que sonham em ocupar o lugar de Ferraço, como o líder do governo, Gildevan Fernandes (PMDB), que estaria muito longe de atender os anseios da maioria dos deputados para exercer a presidência. A outra insatisfação vem do deputado Dary Pagung (PRP), que se apresenta menos polêmico e mais equilibrado do que Gildevan, mas que também não inspira a mesma confiança de Ferraço.
Há também uma terceira insatisfação que não é propriamente contra Ferraço e sim, contra a permanência de dois membros da Mesa Diretora na chapa, que seriam Enivaldo dos Anjos (PSD) e Cacau Lorenzoni (PP). As reclamações verificadas em off e que não são ditas publicamente, são de que os dois detêm muitos cargos comissionados na estrutura funcional da Assembleia, além do fato de serem na sua maioria de salários altos. Tem deputado que fala que Cacau tem 30 cargos comissionados, contra bem menos do que a maioria dos deputados e cujos salários também são bem menores.
Como a eleição para ocupar a principal cadeira do parlamento capixaba se dá através dos votos dos 30 parlamentares, não dá para falar que falta democracia no comando da Assembleia. Faltam talvez nomes com o perfil de Ferraço para dar ao parlamento a segurança interna que eles precisam.