Bruno Lyra
Nem as chuvas dos últimos dias impediram o rio Santa Maria da Vitória de atingir um dos níveis mais baixos já registrados desde o agravamento da crise hídrica. Na última terça-feira (11), a vazão do manancial que atende toda a Serra, a porção continental de Vitória, parte de Cariacica e Praia Grande em Fundão era de apenas 1.789 litros por segundo.
O fluxo é tão baixo que ele é menos da metade da vazão considerada crítica que é de 3,8 mil litros por segundo. E muito inferir à média para esta época do ano, que é de 8,9 mil litros. Neste cenário a Cesan capta toda a água que chega na região do Queimado, na zona rural da Serra, interrompendo o fluxo do manancial naquele ponto.
Pela mesma razão, o rodízio no abastecimento segue mantido. Diferente do que está acontecendo na região atendida pelo rio Jucu (Vila Velha, parte de Cariacica, Viana e a ilha de Vitória), onde o rodízio foi suspenso na semana passada após o nível deste manancial subir de 2,7 mil litros para 8,1 mil litros por segundo.
Através da sua assessoria de imprensa, a Cesan disse que o fluxo do Santa Maria é controlado pela represa da hidrelétrica de Rio Bonito, localizada nas montanhas de Santa Maria de Jetibá e que desde fevereiro do ano passado tem sido usado prioritariamente para reservar água para abastecimento da Grande Vitória.
Segundo a Cesan, na última terça-feira (11), a represa estava com apenas 22% de sua capacidade total, que é de cerca de 26 bilhões de litros. Para ajudar a abastecer a Serra, a Cesan deve inaugurar até dezembro o sistema de captação, tratamento e distribuição da água do rio Reis Magos.
Reis Magos será reforço até o fim do ano
O sistema deve disponibilizar mais 500 litros por segundo para cidade, o que representa pouco mais de 20% do consumo médio atual. Mas há dois desafios no Reis Magos: a pequena vazão – há três semanas o diretor da Cesan, Amadeu Wetler, informou que o rio estava com apenas 400 litros por segundo de fluxo – e a salinização das águas na região de Putiri, onde ficará a tomada d’água.
Quanto ao 1º problema, não há solução a curto prazo. É torcer para que as chuvas voltem ao normal, já que não existem represas de grande porte na bacia do Reis Magos, formada pelos rios Timbuí e Fundão.
Já em relação a salinização, Amedeu garantiu que será feito uma barreira com pedras para impedir que a maré traga água da praia de Nova Almeida para o canal de captação. Estrutura semelhante já existe nos pontos de captação dos rios Jucu e Santa Maria.