Gabriel Almeida / Bruno Lyra
Mesmo com as chuvas das últimas semanas que amenizaram a pior seca da história do Espírito Santo, inclusive com a suspensão do rodízio no abastecimento da Grande Vitória, o pedido da Cesan aos moradores da Serra é que mantenham hábitos de redução do consumo de água.
O pedido se justifica pelo fato do rio Santa Maria, que abastece toda a Serra e parte de Cariacica, Vitória e Fundão, estar muito degradado, com pouca capacidade de reter as águas da chuva por conta do desmatamento. Mesmo com a represa da hidrelétrica de Rio Bonito, nas montanhas de Santa Maria de Jetibá, ajudando a reservar água e regular a vazão do rio.
Vazão que melhorou muito. No último dia 30 de novembro o rio fluía 19.124 litros de água por segundo conforme medição da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh). Na mesma data, a represa de Rio Bonito já estava com 60% da capacidade total de 27 bilhões de litros, segundo a Cesan.
No auge da estiagem, a represa chegou a ficar com cerca de 20% da capacidade. A vazão do Santa Maria, no último dia 18 de outubro, chegou a cair para 1,4 mil litros por segundo. Valor muito abaixo do que a Cesan capta em média para atender a Grande Vitória, que é de cerca de 2,5 mil litros por segundo.
Aquela altura a Serra, a zona norte de Vitória, parte de Cariacica e Fundão já enfrentavam racionamento e chegaram a ter o abastecimento suspenso sem aviso prévio à população. Como a água continuou chegando a alguns pontos, o deputado estadual de base eleitoral na Serra, Bruno Lamas (PSB), chegou a questionar a Cesan sobre um suposto direcionamento da água que sobrou para bairros nobres de Vitória e para o Complexo Industrial de Tubarão (maior consumidor individual do Santa Maria) em detrimento da população serrana.
Fato que foi negado pela Cesan, que dias depois, regularizou o fornecimento para todas as regiões atendidas pelo rio, abrindo as comportas para usar o que restava de água na represa de Rio Bonito.
Para evitar novos colapsos no abastecimento da Serra, a Cesan está construindo um sistema de captação, tratamento e distribuição da água do rio Reis Magos em Putiri, região rural do município. A capacidade é para gerar 500 litros por segundo para as regiões da Serra-sede e Civit.