Bruno Lyra
As chuvas atípicas que vêm caindo neste inverno capixaba melhoraram a vazão dos rios e, consequentemente, o cenário do abastecimento de água da Serra e demais cidades da Grande Vitória. Mesmo assim, o morador não deve sair gastando água à vontade. Isto porque, a crise não surgiu só pela falta de chuva nos últimos três anos, mas também por um aumento da demanda por água ao mesmo tempo em que vem se agravando a degradação de rios e nascentes capixabas.
Por isso o cenário é de alerta permanente, admite a própria Cesan. O rio que abastece a Serra, o Santa Maria, na última quarta-feira (02) estava com a vazão de 31,6 mil litros por segundo (l/s), bem acima da média de 7,5 mil l/s. Isso garante uma captação de 2,4 mil l/s pela Cesan e o atendimento normal de toda a Serra, zona norte de Vitória, Praia Grande em Fundão, bairros ao longo da rodovia do Contorno em Cariacica e ainda o complexo de Tubarão (Vale e ArcelorMittal).
A Cesan não atualiza mais os dados, mas em abril de 2015 a então presidente da companhia, Denise Cadete, admitiu que, sozinha, a siderurgia de Tubarão consumia cerca de 1/3 de tudo que é captado no Santa Maria. Em outubro de 2016 a vazão do rio caiu para menos de 1,5 mil l/s e chegou a haver corte da água, sem aviso, a população, que já enfrentava rodízio na época. Alguns bairros ficaram mais de quatro dias sem o líquido.
O Santa Maria tem um grande reservatório artificial nas montanhas, a represa de Rio Bonito, com capacidade para 27 bilhões de litros. A represa, que chegou a ficar com 20% do volume no auge da seca, agora está com cerca de 90% segundo a Cesan. Mas no trecho um pouco acima da represa o rio sofre com a degradação, tendo as margens desmatadas e o leito repleto de vegetação por conta do esgoto que recebe da sede do município de Santa Maria de Jetibá e também das atividades de hortigranjeiros.
O Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), prometeu checar a denúncia de degradação da Santa Maria descrita pela reportagem. Já a Cesan afirma que investe na região de Santa Maria de Jetibá para universalizar a coleta e tratamento de esgoto.
Reforço previsto ainda para este mês
De acordo com a Cesan, o sistema de captação, tratamento e distribuição de água do rio Reis Magos está em fase de testes.
A previsão da empresa é que até o fim do mês o sistema esteja fornecendo 500 l/s de água para Serra-Sede e bairros do entorno. Outro rio fundamental para o abastecimento da Grande Vitória é o Jucu, que na última quarta-feira (02) estava com vazão de 16 mil l/s, pouco acima da média para esta época.
Como não há reservatório neste manancial que abastece cerca de 1 milhão de pessoas em Vila Velha, Cariacica, Viana e Ilha de Vitória, o Governo pretende fazer uma represa de 20 bilhões de litros em Biriricas, Domingos Martins. Segundo a assessoria de imprensa da Cesan, os estudos ambientais ficam prontos até o fim do ano. A previsão que o edital para a obra seja lançado em 2018.
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