Um levantamento feito pelo Estado a pedido do município indicava que havia pelo menos 120 proprietários de terras na Apa do Mestre Álvaro (linha fina)
O Mestre Álvaro pode ganhar um enorme reforço na sua proteção. É que o município estuda transformar o morro numa unidade de conservação de proteção integral. Na prática isso pode pôr fim à construção de casas, criação de gado, extração de pedra e derrubada de mata para plantações no morro.
A proposta será discutida na próxima semana com proprietários rurais do morro e foi apresentada em Audiência Pública na última terça (02). A ideia da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) da Serra é criar um parque natural ou refúgio da vida silvestre.
“A ideia é transformar o Mestre Álvaro em uma unidade de proteção integral, que visa controlar mais rigorosamente as atividades desenvolvidas em seu interior. Neste caso só será permitido o uso indireto dos seus recursos naturais em atividades de pesquisa e turismo ecológico, como trilhas, caminhadas e outros esportes” explicou a titular da Semma, Andreia Carvalho.
Segundo ela, a proposta é implantar a unidade de proteção integral só a partir da cota de 100 metros de altitude, para reduzir o impacto financeiro aos proprietários rurais que criam gado ou plantam no Mestre.
“Vamos debater o assunto amplamente com proprietários e ambientalistas. Se houver elaboração de um projeto de lei para a mudança, isso só acontecerá em 2015” adianta.
Andreia informou ainda que pretende implantar a APA nas baixadas do entorno do Mestre Álvaro para formar uma espécie de escudo contra a degradação.
Medida agrada ativistas e proprietários rurais
Do Grupo de Proteção Mestre Álvaro (GPAMA), Rodrigo Roger defende a proposta de Parque Natural. “Ali tem que ser uma reserva mais protegida. Hoje não tem fiscalização e não há retorno quando denunciamos crimes ambientais no Mestre”, argumenta.
Ativista ambiental e líder comunitário na região da Serra-sede, Edson Reis, concorda. “A ideia da unidade da proteção integral e da Apa no entorno é ótima. Finalmente a prefeitura está discutindo isso. Espero que leve à frente”, diz.
Proprietário de terreno no morro em Pitanga e membro da Associação de Produtores Rurais da Serra, João Carlos Ribeiro, também vê com bons olhos, mas faz ressalva. “Tem que ser feito em comum acordo com os produtores que não podem ficar prejudicados. Mas a ideia é boa”, frisa.
Criador de gado no Mestre em Campinho da Serra II, Raustan Ferreira Correia também não se opõe. Mas pede indenização justa aos que tem benfeitorias no morro.
Dona de terra num dos trechos mais preservados na região da Rodovia do Contorno, Flavia Moraes só tem preocupação em relação à futura APA no entorno do Mestre. “Depois de minha família garantir a proteção à mata no morro, não é justo que tenhamos problemas para negociar terrenos na baixada próximo aos polos Jacuhy e Piracema”, opina.
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