Entre Jacaraípe e Nova Almeida há um trecho de cerca de 8 km que a rodovia ES 010 atravessa remanescentes de mata Atlântica, alagados e restinga, habitats de animais nativos ameaçados de extinção. Pelo fato da via não ter pontes (passagens por cima) ou túneis de fauna, muitos bichos que tentam atravessar a pista acabam morrendo atropelados.
E a matança está sendo comprovada pelo trabalho de monitoramento retomado há três meses pelo Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff). Segundo o diretor do Ibraff, Claudiney Rocha, neste período foram encontrados 19 animais mortos no trecho em decorrência de atropelamento, entre répteis, anfíbios e mamíferos. O caso mais recente foi do cachorro do mato, espécie ameaçada de extinção, no último dia 29 de julho.
“Estamos com este monitoramento justamente para pedirmos o poder público estadual para colocar túneis de travessia e travessias aéreas, pois além dos macacos sagui-de-cara-branca, temos o macaco bugio, gambá, ouriço, capivara, veado, cachorro do mato e diversas espécies de répteis e aves”, detalha o ativista.
É Claudiney quem faz pessoalmente o monitoramento. Mas ele também conta com ajuda da população, com fotografias e vídeos de ocorrências encaminhados ao whatsapp da entidade disponibilizado para este fim. O número é (27) 99994-9438.
“Com a divulgação do trabalho pelo jornal Tempo Novo, outros sites de notícias e TV, temos recebido muita colaboração de imagens de quem passa na rodovia. Não só de situações de atropelamento, mas também de animais que conseguem atravessar a pista ou que aparecem nas margens dela. E isso nos ajuda a saber quais espécies ainda resistem na região”, frisa o ativista.
O trecho monitorado da rodovia corta áreas naturais entre o interior e o litoral. Ás margens dele inclusive está o maior fragmento de vegetação de restinga ainda preservado da Serra, localizado entre Costabela (Jacaraípe) e Marbela (Nova Almeida), mata que, segundo Claudiney faz parta da Área de Proteção Ambiental (APA) Federal da Costa das Águas.
Há anos ativistas e profissionais da área de ecologia pedem que a prefeitura crie um Parque Municipal no local para dar mais blindagem contra a especulação imobiliária que avança na região.
Ativista pede ajuda para seguir fazendo trabalho
O monitormento do trecho começou em 2016, mas foi interrompido por falta de recursos. Em 2022 Claudiney resolveu retomar o projeto, que é voluntário, para pedir instalação de passagens para os animais no trecho e placas de sinalização sobre a presença de vida silvestre.
“Até o momento não temos patrocínio. O temos é uma vaquinha on line. Para manter o projeto precisamos de luvas e manutenção em bicicleta. Também planejamos fazer placas de sensibilização para motoristas que trafegam na rodovia”, conta o ambientalista.
Quem quiser ajudar o projeto pode doar via chave pix 2846776@vakinha.com.br. E entrar em contato com o número (27) 99994 – 9438 para comunicar a doação.
Sobre o Ibraff
Sediado no bairro Lagoa, na grande Jacaraípe, o Ibraff desenvolve há anos ações de conservação ambiental na região litorânea da Serra. Dentre elas resgate de animais silvestres, educação ambiental, monitoramento de fauna atropelada na rodovia ES 010, recuperação de áreas degradadas, campanha contra o trafico de animais silvestres e em prol da redução de resíduos sólidos. Na conta do instagram @ibraff é possível acompanhar as atividades da instituição.