Pensando bem, é preciso entender melhor o mapa do voto no segundo turno da eleição nacional. Mas antes, que tal verificar o que estava à disposição dos eleitores e eleitoras até o momento do voto?
Dilma e o PT e Aécio e o PSDB trataram suas diferenças recorrendo ao que deles já se sabia no exercício da vida pública. Nos programas eleitorais e nos debates, se comparavam marcando as bravuras de seus respectivos períodos de governo: o PSDB de FHC, o PT de Lula, a Minas de Aécio, etc.
Pouco ou quase nada do que deveriam ou poderiam fazer. Foi uma aposta no recall, como foi tragicamente tratada a campanha de primeiro turno para o governo do ES.
Assim, vermelhos e azuis concentraram seus marketings com fortes cargas de negatividade. Raro foi o apelo à promessa do “vou fazer”. Nenhuma ilusão restou quanto a isso. O que foi pertinente avivar a atenção dos eleitores foram as realizações: plano real, estabilização, bolsa família, pronatec. E quem foi pai e quem foi mãe de algum desses sucessos.
Voltemos ao mapa. Não aquele mapa com indigna indicação da condição preconceituosa de status econômico e social. Mas outro rastreamento das necessidades dos que cumpriram o sagrado direito de escolha.
A razão da existência do Estado é sua capacidade de gestar as relações intrínsecas ao funcionamento da sociedade. Assim foi que 51 milhões de portadores de título eleitoral declararam voto azul, preferindo novo salto no modo de gestão estatal versus 54 milhões que por alguma necessidade, conveniência ou conivência, mantiveram as coisas como estão.
Vale registrar então que mesmo nas cidades-capitais com melhor dinâmica econômica e social o voto acompanhou o Índice de Desenvolvimento Humano –IDH, mesclando de anil ou de rubro onde as questões se equilibram ou carecem que o pêndulo do Estado busque equilibrar.
Odmar Péricles Nascimento é sociólogo e analista político
