Moradores da Serra têm sofrido com o preço da conta de luz. Em alguns casos, o aumento chega a 60% em comparação ao mesmo período do ano passado, mesmo sem o consumidor ter adquirido novos eletrodomésticos. A situação tem gerado questionamentos, pois a tarifa aumentou “apenas” 16,6% em um ano.
De Jacaraípe, Luciano Bessoni de Oliveira reclama. “Ano passado, eu pagava em torno de R$250, e agora pago R$400. Teve aumento no consumo, mas nada que justifique esse valor. A gente não sabe o que paga, pois tem muita coisa embutida e é difícil reclamar. Por isso, decidi instalar energia solar e estou pesquisando. Minha mãe tem casa de praia em Jacaraípe e mora em Vitória. Mesmo com o pouco uso da casa de praia, a conta é mais alta do que a residência que está sempre funcionando em Vitória”, denuncia.
Em Morada de Laranjeiras, há várias reclamações de moradores de um único condomínio. Débora Orlandi diz que até mudou os hábitos, mas a conta continua alta. “Desliguei o chuveiro e coloquei todo mundo para dormir no mesmo quarto para diminuir o consumo. Mesmo assim, diminui em nada”, relata.
Wedja Gomes não usa chuveiro elétrico, não tem freezer e nem ar-condicionado. Para ela, a conta está muito “salgada”. “Aqui é só geladeira, liquidificador e máquina de lavar. As lâmpadas são econômicas, de LED. E só uso chuveiro frio. Mesmo assim, pago R$180 de luz”, observa.
Samuel Aguiar também estranhou o valor da conta do último mês. “Algo está errado. Minha conta veio R$440. Nem chuveiro usamos com esse calor. Vou pedir revisão”, afirma. Cinthia Nascimento é outra que ficou surpresa com o preço. “Não tenho ar-condicionado e banho é só gelado. Fico fora o dia inteiro, e vem R$400”.
Dona de um apartamento neste condomínio em Morada de Laranjeiras e de outro no centro de São Paulo, Maria Elisa não entende o alto custo.“Quando fico em São Paulo, desligo todos os aparelhos do apartamento na Serra, mas pago a tarifa mínima mesmo com consumo zero. Além disso, o valor não é fixo: entre agosto e novembro, variou entre R$36 e R$42. A conta de São Paulo com tudo ligado, mais pessoas morando e uso diário fica pouca coisa maior que a tarifa mínima na Serra. É absurdo pagar sem consumir. E se tiver que pedir para desligar e religar, o custo também não compensa, além do trabalho”, reclama.
EDP argumenta que supercalor aumentou consumo
A assessoria de imprensa da EDP, concessionária que fornece energia elétrica na Serra, afirma que não houve aumento nas tarifas, e sim no consumo. Justifica que as altas temperaturas levaram ao aumento do uso de equipamentos como ventilador, ar-condicionado e geladeira.
Apesar disso, em um ano, o reajuste na conta de energia foi de 16,6%. Nos últimos dois anos foi de 27,3%.No início de 2018, a tarifa era de R$0,48 para cada kWh,e este ano é de R$0,56. No início de 2017, a tarifa era de R$0,44 e no final do ano subiu para R$0,48.
De acordo com a EDP, os reajustes são anuais e ocorrem na data de aniversário da concessão, em 06 de agosto, seguindo determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
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