Bruno Lyra
Na última quarta- feira (19), a população e os empreendedores da cidade foram pegos de surpresa com a paralisação quase que total do fornecimento de água pela Cesan. O motivo alegado pela concessionária estadual foi à queda ainda maior na vazão do rio Santa Maria, que na última segunda, chegou a 1,4 mil litros por segundo, o pior índice desde o agravamento da crise da água no início de 2015.
A cidade já estava sob rodízio no abastecimento há quase um mês, e em alguns bairros, o retorno do fornecimento demorava até 48h. Em alguns imóveis desses locais, até à tarde de ontem (20), a água ainda não havia chegado, completando quatro dias de torneiras secas.
Caso da microempreendedora Fabiane Ferreira, de Enseada de Jacaraípe. Ela fornece marmita e para continuar trabalhando, teve que pedir ajuda a parentes. “Tenho que acordar de madrugada, ir até a casa de minha mãe, onde a água chega, e encher todos os recipientes que puder para conseguir lavar a louça e cozinhar. Isso dificulta muito nosso trabalho”, explica.
Quem também foi pega de surpresa foi a moradora do Bairro das Laranjeiras, região de Jacaraípe, Ana Priscilla Nogueira. “Ficamos sem água desde segunda-feira às 13 horas e já passei aperto em minha loja. Tenho um pet shop onde há uma caixa de 1000 litros, que já foi totalmente utilizada e preciso deste recurso para trabalhar. Em minha casa, ainda temos água porque somos apenas em três. Hoje (quinta) temos água, mas chegou fraca, sem força para subir para a caixa”, relata.
Em Nova Almeida, a rotina também mudou. “A água parou de chegar às caixas desde a última terça. Quando vem, é na madrugada e não tem pressão para subir. Já diminui o gasto, mas chega uma hora que mesmo racionando, fico sem. Evito dar descarga, paro de lavar roupa, molhar plantas. Só dou água para cachorro e consumo. Daqui a pouco vamos ter que usar uma garrafa pet por pessoa para tomar um banho”, protesta Madalena Krug, artista plástica.
Mas em Jardim Camburi, Vitória, o impacto foi menor. A moradora Bianca Campagnoli disse que a interrupção na quarta-feira (19) foi breve. “Por enquanto só ontem (quarta-feira) ficamos sem água. Foi tranquilo, pois só faltou de manhã”, afirma.
Cesan admite ampliar rodízio
O rodízio feito desde o último dia 22 de setembro é de 24h, mas pode demorar até 48h, dependendo da localização do imóvel. Mas, segundo o diretor de Infraestrutura e Meio Ambiente da Cesan, Amadeu Wetler, pode ser ampliado para mais dias, caso o nível do Santa Maria siga baixando.
“Fizemos manobra para liberar mais água na represa de Rio Bonito (reguladora da vazão do Santa Maria), que está com 25% da capacidade. A tendência é o abastecimento se normalizar, mas no sistema de rodízio. Se não chover, poderemos adotar o plano 2 aprovado pela Arsi (Agência Reguladora de Saneamento do ES), que prevê rodízio de dois dias”, admite.
Amadeu disse que a suspensão surpresa da última quarta- feira aconteceu por uma queda súbita na vazão do rio e que há previsão de chuvas significativas a partir de novembro.