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Morador teme tragédia em prédio popular cheio de rachaduras

A moradora Maria da Penha mostra rachadura na parede do seu apartamento que fica no primeiro andar do bloco F, do residencial Parque dos Pinhos I, em Limoeiro. Foto: Fábio Barcelos

Ana Paula Bonelli

Imagine investir e morar num imóvel que pode cair a qualquer momento? Pois essa é a realidade dos moradores do bloco F do condomínio Parque dos Pinhos I, em Jardim Limoeiro. O prédio pertence ao Programa de Arrendamento Residencial (Par) da Caixa Econômica Federal. O edifício está com rachaduras nas paredes e no chão, estalos são ouvidos durante a noite, e é nítido o desnivelamento no piso dos apartamentos. Vinte e quatro famílias moram no local.

O técnico em automação Hemerson Magesck mora no 4º andar e disse que convive com o medo diariamente. “Moramos aqui há cinco anos e desde a chuva de 2013, muitas rachaduras começaram a aparecer. Seis meses depois de mudarmos para cá, ficamos sabendo através de outros moradores que o prédio já havia sido desocupado uma vez, por conta do mesmo problema. Quando pegamos o apartamento a Caixa disse que estava 100%”, reclama.

Magesck disse o sentimento dos arrendatários é de total descaso. “A Caixa sabe que tem problema e não resolve. Tem gente que tem para onde ir, tem gente que não. Ficamos aqui esperando a solução. Quero poder deitar a cabeça no travesseiro e dormir um sono gostoso, porque hoje isto não é possível”, lamenta.

Moradora do primeiro andar, Maria da Penha Silva disse que passa semanas fora dormindo na casa das irmãs e da mãe por medo.  “Já perdi armários de cozinha, guarda-roupa e persianas. Tenho medo de ficar aqui e essa estrutura desabar e acontecer uma tragédia”, diz.

Hemerson quer que a Caixa tome providência com relação ao problema. Já Penha, nem dorme mais em casa. Foto: Fábio Barcelos

Já o motorista de transporte escolar, Jan Carlo Fontainha, morou no bloco F, logo quando o empreendimento foi entregue em meados de 2004, e teve que sair às pressas por conta do mesmo problema, em 2008. Ele foi remanejado para um prédio vizinho, também da Caixa.

“Fiz rebaixamento de gesso, sancas, gastei mais de R$ 10 mil. Entrei na Justiça contra a Caixa e só consegui R$ 5 mil de indenização. Quando surgiu oportunidade de quitar o apartamento atual, fui impedido, porque a Caixa disse que eu só poderia quitar se abrisse mão do processo judicial”.

Caixa garante que não tem perigo

Por meio de sua assessoria a Caixa Econômica esclareceu que a Construtora Littig Engenharia realizou estudos no local e contratou a empresa Sá Ferreira Engenharia com objetivo de apresentar estudo técnico conclusivo, atestando a estabilidade e solidez do prédio.

O laudo concluiu que não existe risco à estrutura do edifício. Foi constatada  apenas a necessidade de execução de reparos internos, tais como nivelamento do piso, em diversas unidades, que são de responsabilidade da construtora Littig. Foi enviado comunicado formal para todas as unidades, informando da necessidade, e aguarda a liberação de acesso por parte dos moradores.
Já a Defesa Civil Municipal da Serra disse por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura que foi acionada e realizou vistoria no local em outubro de 2015 em conjunto com a Defesa Civil Estadual. O condomínio foi orientado a solicitar as intervenções por parte da construtora.

Confira mais fotos do interior de um dos apartamentos:

Rachaduras na cozinha. Foto: Fábio Barcelos
Guarda-roupa destruído por conta do desnivelamento do prédio. Foto: Fábio Barcelos
Rachadura na parede da sala. Foto: Fábio Barcelos
Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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