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Moradora da Serra morre na UPA de Castelândia à espera de uma vaga no Jayme ou Dório

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A Upa de Castelândia tentou transferência para Jayme e Dório, sem sucesso. Foto: Divulgação

Uma mulher de 42 anos morreu, durante a madrugada desta segunda-feira (3), enquanto aguardava por uma vaga em um dos dois hospitais estaduais da Serra, Jayme Santos Neves e Dório Silva.  A paciente – Geovana Pereira Souza – estava internada há dois dias na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Castelândia e com a piora de seu estado de saúde acarretado por uma quadro de pneumonia, necessitava com urgência de transferência. Porém, o Governo do Estado, por meio da central de regulação de vagas, não autorizou um leito de UTI na cidade.

Após solicitação da equipe médica que atendeu a paciente na UPA, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ofereceu uma vaga para internação no município de Linhares – uma viagem de aproximadamente duas horas. Os médicos da Prefeitura, no entanto, alertaram ao Estado sobre o grave risco da moradora da Serra vir a falecer a caminho de Linhares, conforme contou uma familiar de Geovana, que acompanhou o caso.

Juntamente com o alerta feito à Secretaria de Saúde, a UPA de Castelândia solicitou, mais uma vez, uma vaga em um dos dois hospitais estaduais situados na Serra – Dório Silva, em Parque Residencial Laranjeiras, e Jayme dos Santos Neves, em Morada de Laranjeiras. Mais uma vez, a vaga foi negada pela central de regulagem do Governo do Estado, e uma nova transferência foi autorizada para Linhares.

De acordo com a família de Geovana, que conversou com o Jornal Tempo Novo, sem saber o que fazer, o médico teria ligado para os familiares e informado que a paciente não suportaria uma viagem de ambulância até Linhares. A partir daí, iniciou-se uma corrida contra o tempo da família, que tentava, através de contatos, um leito de UTI na Serra.

“Recebi a ligação do médico dizendo que a única vaga autorizada foi em Linhares, mas que ela não suportaria esse trajeto, mas ele também disse que ela não podia ficar na UPA e que o melhor hospital, o mais equipado para tratar a enfermidade dela e mais perto para ela, seria o Dório Silva”, disse um familiar.

Após uma madrugada inteira de muito sofrimento, já na manhã da terça-feira (3), os familiares de Geovana receberam uma ligação da UPA de Castelândia e, ao irem para o local, foram informados sobre o óbito da paciente. A moradora da Serra não resistiu ao agravamento de seu estado de saúde e faleceu enquanto aguardava por uma vaga. O Jornal Tempo Novo teve acesso aos registros médicos em que estão registradas as duas tentativas da UPA em transferir Geovana para os hospitais da Serra; das quais foram negadas pelo Governo, redirecionando-a para Linhares, em um trajeto da qual o médico responsável na UPA afirmou reiteradas vezes que ela não resistiria.

Médico alertou Estado sobre importância de transferência para hospital na Serra

No espelho de transferência – documento de solicitação de vaga ao Estado – consta que o médico alertou a Secretaria de Estado da Saúde sobre a impossibilidade de transferência da paciente para o hospital de Linhares. Ainda é possível observar que foram realizados novos contatos com a Sesa-ES na tentativa de uma UTI na Serra.

Em um trecho do documento, o médico relata a seguinte situação:

Reserva de vaga liberada pela Sesa em Linhares, solicitação de remoção, porém, enquanto esse processo de liberação de vaga e chegada da remoção acontecia, a paciente evoluiu com piora no quadro. Foi conversado com o médico da remoção sobre a inviabilidade de transferência para um local com essa distância no estado atual. Faço novo contato com o Samu [na tentativa de conseguir um leito no Jayme um Dório]”.

Mesmo após o alerta, a Sesa-ES ignorou a recomendação médica e liberou, mais uma vez, a vaga em Linhares. A transferência, porém, não foi autorizada pelos médicos, que acompanhavam a piora do estado de saúde da paciente.

Família aponta negligência e sofre perda

A família de Geovana apontou negligência por parte do Estado em não ofertar vaga mais próxima para a vítima. “Nós tentamos tudo, fizemos tudo que podíamos para conseguir, mas infelizmente, não deu tempo. Se tivéssemos tido uma vaga mais perto, quem sabe, poderíamos ter salvado a vida dela”, disse uma familiar, que preferiu não se identificar.

A família afirma que ficará somente com as boas lembranças vividas ao lado dela. Geovana, era mãe de dois filhos. Segundo relato da família, mulher trabalhadora, que venceu muitos obstáculos na vida e sempre fez de tudo para conseguir oferecer o melhor a sua família.

Governo do Estado não se pronuncia

O Jornal Tempo Novo acompanhou a situação desde a noite de domingo (2), quando entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde sobre a denúncia da família, de não estar conseguindo uma vaga em hospital da Serra. A demanda foi enviada por volta das 19 horas. Através do WhatsApp, um assessor de plantão confirmou o recebimento. No entanto, a demanda não foi respondida.

Nesta quarta-feira (4), o Jornal Tempo Novo tentou contato novamente com a Secretaria de Estado da Saúde. Mais uma vez, a demanda foi ignorada.

Prefeitura confirma caso e culpa o Estado

Em nota encaminhada pela Secretaria de Saúde da Serra, o caso foi confirmado pelo município, que ratificou a decisão do médico de que levá-la para Linhares era inviável em vista do agravamento do quadro de saúde de Geovana.

“Devido à gravidade do quadro, apenas um veículo de suporte intensivo (UTI-Móvel) teria condições de transportar o paciente até Linhares, onde a vaga foi disponibilizada. Em se tratando desse tipo de transporte, o SAMU-192 foi acionado. Toda a oferta e disponibilização de vagas hospitalares são de responsabilidade do governo estadual”, completou.

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