Uma família da Serra está abalada pela perda trágica de um bebê e fez acusações de suposta negligência médica contra o Hospital Jayme dos Santos Neves, em Morada de Laranjeiras. A denúncia foi feita por Luana Vitalino, irmã da paciente Rafaela Vitalino dos Santos, que estava grávida de oito meses.
Segundo o relato de Luana, que conversou com o Jornal Tempo Novo, até então a gravidez de Rafaela não era considerada de risco. No entanto, na última quinta-feira (1°), ela começou a apresentar sangramento e sinais de dilatação. Preocupadas com a situação, as irmãs dirigiram-se à maternidade do Hospital Jayme dos Santos Neves por volta das 7 horas da manhã.
Ao chegarem ao hospital, Rafaela foi imediatamente internada. Contudo, o atendimento que se seguiu teria sido marcado por uma série de falhas e negligências, de acordo com Luana. Ela afirma que, durante todo o dia, a equipe médica apenas administrou analgésicos para a dor, embora Rafaela não estivesse sentindo dor naquele momento. Enquanto isso, o sangramento continuava e nenhum procedimento mais adequado foi realizado.
Somente à tarde, após quase seis horas de espera, foi realizado um ultrassom que indicou que o bebê estava bem e respirando normalmente.
“No entanto, ao invés de adotar medidas mais urgentes, os médicos optaram por manter Rafaela em observação na tentativa de segurar o bebê. Surpreendentemente, não foi considerada a possibilidade de uma cesariana ou qualquer outro procedimento mais imediato. A abordagem adotada continuou sendo o uso de medicamentos”, denunciou a irmã da gestante.
Luana relata ainda que a situação se prolongou até a última segunda-feira (5), quando o bebê já apresentava respiração fraca. Nesse momento, ela e Rafaela pediram com urgência a realização de um novo ultrassom. No entanto, segundo Luana, a médica de plantão recusou-se a realizar o exame imediatamente, adiando-o para o dia seguinte.
Sentindo-se impotentes diante dessa situação, as irmãs tiveram que esperar até a manhã de terça-feira (6), para obterem o resultado. Infelizmente, o ultrassom confirmou a morte do bebê.
Revoltada com a perda e as apontando supostas negligências médicas, Luana afirma que os profissionais falharam em salvar a vida do seu sobrinho. Ela nega categoricamente a afirmação da médica de que Rafaela teria chegado ao hospital com o bebê já morto, considerando isso “uma total mentira”.
“A médica para tentar tirar a culpa dela tentou mudar a versão de tudo dizendo que minha irmã já chegou com o bebê morto, o que é uma total mentira. Não sei se meu relato chega até alguém para denunciar o hospital, mas escrevo mesmo assim, pois não vou deixar para lá. Eles negligenciaram a vida do meu sobrinho. Pode acontecer com outras mães e seus filhos”, desabafou.
O que diz o Governo do Estado, responsável pelo Hospital Jayme?
A reportagem procurou o Hospital Jayme dos Santos Neves, através da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), porém, não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
O Jayme é gerido através de uma organização social (OS), neste caso, a Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense (Aebes). A associação também foi procurada pela reportagem, mas até o momento, não retornou a demanda.
Sem pronto socorro de portas abertas, Jayme é alvo de denúncias na Serra
Vale ressaltar que essa não é a primeira denúncia de negligência médica no Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra. Com o pronto socorro de portas fechadas, a unidade hospitalar do Governo do Estado é alvo de constantes reclamações e acusações.
No dia 12 de maio, uma mulher passou por uma situação desesperadora ao ter seu atendimento negado na porta do Hospital Jayme Santos Neves. Por volta das 12h, a paciente chegou à unidade de saúde apresentando sinais de vômito e mal-estar, sendo acompanhada por um homem que registrou o incidente em vídeo.
De acordo com o relato do homem que gravou o vídeo, a mulher estava vomitando sangue, o que tornava sua situação ainda mais alarmante. No registro, é possível ouvir a moça pedindo desesperadamente para ser atendida, suplicando “pelo amor de Deus”, enquanto uma enfermeira responde que não pode realizar o atendimento, alegando que o hospital não dispõe mais de um pronto socorro.