Desde o anúncio do Governo Federal sobre a liberação de uma quantia do FGTS para trabalhadores brasileiros – através do saque emergencial – milhares de pessoas ficaram no aguardo do dia em que o dinheiro seria liberado para saque. Fernanda Souza Soares, moradora de Serra Dourada II, é uma delas. O problema é que ao tentar acessar sua conta do aplicativo Caixa Tem, a cobradora descobriu que sofreu um golpe e os R$ 1.045, que seriam utilizados para pagar contas, foi desviado por alguém que mora no estado de São Paulo.
Após descobrir que seu dinheiro foi furtado, Fernanda procurou uma agência da Caixa Econômica Federal e foi orientada a fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil. Até o momento, a moradora da Serra não recebeu seu dinheiro de volta e está indignada com a situação. Ela conversou com o TEMPO NOVO e explicou como tudo aconteceu. De acordo com a vítima, ao tentar acessar sua conta – na qual já estava cadastrada – não conseguiu entrar e foi informada que a senha estava incorreta.
“Eu já estava cadastrada no aplicativo e fui tentar acessar. Nesse dia, apareceu que a senha era inválida e não consegui de jeito nenhum, foi quando fui até uma agência e me confirmaram que o dinheiro já tinha sido sacado. Segundo o funcionário que me atendeu, uma pessoa com o e-mail que possuía o nome de Roberta sacou meus R$ 1.045. Foram dois saques de R$ 500, feito por meio de pagamento de boleto”, acrescentou a moradora.
Ainda segundo Fernanda, na última segunda-feira (31), se dirigiu até o DPJ de Parque Residencial Laranjeiras, e registrou um boletim de ocorrência. “O pessoal da Caixa me mandou abrir um boletim e foi o que fiz ontem. Agora tenho que esperar até o banco chegar numa conclusão e me dar uma resposta. Espero que consiga meu dinheiro de volta, pois não tenho culpa da situação”, afirmou Fernanda, que ainda disse que na delegacia, encontrou muitas outras pessoas com o mesmo problema.
O que diz a Caixa?
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Caixa, que por meio de nota, afirmou que a vítima do golpe pode ser ressarcida, mas antes é necessária uma análise que confirma o saque fraudulento. “Eventuais contestações de saque podem ser formalizadas pelo beneficiário diretamente em qualquer agência da Caixa. Para os casos em que houver comprovação de saque fraudulento, o beneficiário será devidamente ressarcido”, diz o texto da nota.
Ainda segundo o banco, a Caixa disse que atua conjuntamente com a Polícia Federal e demais órgãos de segurança pública na identificação de casos suspeitos e na prevenção das fraudes no Auxílio Emergencial, Saque Emergencial do FGTS e demais benefícios sociais. Informou ainda que realiza, de forma estratégica e preventiva, monitoramento de casos suspeitos e bloqueia contas com indícios de fraude ou com inconsistências cadastrais para a verificação de informações.
“Essa checagem está garantindo a preservação do direito ao saque de benefícios sociais por todas as pessoas que preenchem corretamente os critérios de elegibilidade e necessitam dos recursos do Auxílio Emergencial que é a maior operação de transferência de renda da história do país.”
Polícia Civil confirma registro de boletim
A reportagem também acionou a Polícia Civil, que enviou a seguinte nota: “O caso foi registrado e a vítima foi orientada a procurar a Polícia Federal, por se tratar de uma verba federal.”
Advogada diz que vítima deve ser ressarcida
O TEMPO NOVO conversou com a advogada, Cristiane Puppim, que explicou um pouco sobre o golpe e disse que as vítimas devem sempre procurar a Caixa para informar o ocorrido. “A pretensa vítima deve se dirigir pessoalmente a uma de suas agências da Caixa Econômica Federal e abrir uma contestação de uso indevido do FGTS, o que não é possível fazer de modo virtual. Após isso, a Caixa fará análise do pedido e, comprovada a fraude, ocorre a restituição do valor. Há relatos de que esta análise seja feita em até 10 dias”, disse.
Ainda segundo Cristiane, o mesmo problema tem ocorrido com o Auxílio Emergencial. “Um golpe envolvendo o Auxílio Emergencial permite que invasores acessem a Poupança Social Digital pelo app Caixa Tem e altere os dados cadastrais (e-mail, telefone e senha) do beneficiário, para trocar a conta de depósito dos R$ 600. Como muita gente usa a própria data de nascimento, os criminosos ao entrarem no site da Caixa trocam e fazem o login com o CPF da vítima e depois inserem a senha (data de nascimento) editando o perfil e cadastrando um novo dispositivo para gerenciar a conta.”
Por fim, Cristiane disse que ao abrir uma contestação na Caixa, o banco informa diretamente a Polícia Federal, que tem atuado contra tais golpes. Exemplo disso é a Operação Covideiros para investigar fraudes cometidas por criminosos que iam até as lotéricas e trocavam as senhas com a ajuda de funcionários.