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Moradores da Serra Sede passam mal após beberem água da Cesan

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Moradores de Serra Sede reclamam da qualidade da água. Foto: Edson Reis

O gosto salobro e o cheiro de amônia na água da Cesan relatado por moradores da Serra Sede nos últimos dias já está provocando mais do que incômodo. Consumidores da região atendida pelo sistema do rio Reis Magos relataram problemas de saúde que acreditam estarem relacionados à ingestão do líquido.

Caso de Beike Vieira, morador do bairro São Marcos.  “Além do gosto duvidoso da água,  minha filha de 3 anos e minha esposa tiveram diarreia. E ultimamente eu e minha esposa acordamos sempre com dor de cabeça. Agora não consumo mais essa água, só galão comprado. E tive que pagar R$ 13 no galão”, afirma.

Beike ressalta ainda que antes de recorrer a água envasada em galões, ele já usava três filtros antes de consumir o líquido fornecido pela Cesan. Mas nem isso foi suficiente para remover o gosto de sal e o cheiro anormal da água.

Do bairro Palmeiras, Sandra Gomes, disse que já teve náusea e dor de estômago ao beber a água da Cesan. Embora não tenha relatado problemas de saúde, a moradora de Jardim Bela Vista, Jaqueline Curto, desabafou.

“Depois que começaram a captar água do Rio Reis Magos em Nova Almeida, a qualidade ficou horrível, água suja, e agora salgada, sendo impossível o seu consumo. Cadê a fiscalização dos órgãos competentes para notificar essa empresa? Até quando vamos ter que ficar bebendo água salgada? ”, questiona.

Jaqueline lembra que a situação é pior para as pessoas mais pobres, que não tem condições de comprar água envasada (mineral). “Que essa situação se resolva o mais rápido possível, porque senão a população irá tomar providências drásticas, o Ministério Público terá que tomar ciência sobre o caso. Que a Cesan seja punida por essa irresponsabilidade”, conclui.

Há três anos reportagem alertou sobre risco de salinização do Reis Magos

Previsto apenas para 2020, o sistema de captação e tratamento de água do rio Reis Magos foi antecipado em três anos pela Cesan/Governo do ES na gestão do ex-governador Paulo Hartung por conta da superseca que atingiu o Espírito Santo entre 2014 e 2016, que sobrecarregou o principal manancial que abastece a Serra, o rio Santa Maria.

Ao custo de R$ 70 milhões para atender 150 mil pessoas na Serra, o sistema Reis Magos entrou em operação no final de 2017. Porém, em julho de 2016, por sugestão de produtores rurais de Putiri – região onde a Cesan capta o líquido do Reis Magos – a reportagem de TEMPO NOVO esteve no local para checar a denúncia de que o rio estava com a água salobra próximo ao trecho onde seria construída a captação. E, de fato, a água do rio estava com esse sabor. Tanto que até parte da vegetação das margens estava morta, o que segundo produtores rurais indicava a presença de sal no rio.

Na ocasião, o então presidente da Associação dos Produtores Rurais da Serra explicou que a água do mar estava invadindo o rio além do normal, chegando até o ponto em que a Cesan pretendia fazer a captação (a obra ainda não estava pronta). Isto porque, devido à longa estiagem, na época o Reis Magos estava com volume muito baixo e perdeu força, permitindo a invasão da cunha salina vinda do mar em Nova Almeida, cerca de 13km abaixo do ponto onde seria instalada a captação da Cesan.

O produtor rural Joel Falqueto às margens do Reis Magos em 01 de julho de 2016, auge da superseca que castigou o ES: água do Reis Magos salgada a 13km do mar e perto de onde a Cesan construiria a captação. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

Cenário semelhante acontece agora neste fim de inverno/início de primavera de 2019. Tanto que a sede do município de Santa Teresa, atendida também pelo Reis Magos, está em rodízio no abastecimento de água desde o último dia 21 de setembro. O motivo é a baixa vazão do manancial, que nasce nas montanhas daquela cidade.

Cesan e vigilância sanitária ainda mudos sobre o caso

Desde a manhã da última segunda –feira (30) reportagem espera um posicionamento da Cesan sobre a situação do abastecimento na Serra Sede e entorno. Da mesma forma que aguarda pronunciamento da Prefeitura, que mantém serviço de monitoramento da água que chega às torneiras através do programa Vigiágua, seguindo orientação do Ministério da Saúde.

Se tiver as respostas, publicará neste espaço.

Atualização

No final da tarde da quarta -feira (02), um dia após a publicação da matéria, a Secretaria de Saúde da Serra disse, por nota, que a Cesan já foi notificada para prestar esclarecimentos. Paralelamente a isso, a equipe do Vigiágua já está realizando análises.

Já a Cesan ainda não se manifestou.

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