A Secretaria de Saúde da Serra atendeu 8.178 moradores de Vitória em suas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de janeiro a outubro deste ano, conforme dados obtidos pelo Jornal Tempo Novo. Esse número revela uma tendência significativa de residentes da capital, Vitória, buscarem atendimento médico de urgência no município vizinho, a Serra, conhecido por sua ampla rede de saúde.
É importante lembrar que, em 2023, Vitória, sob a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini, foi premiada como a cidade com a melhor saúde pública do Brasil. Mesmo assim, muitos de seus moradores continuam a recorrer ao sistema de saúde da Serra.
Vale ressaltar que, nesta sexta-feira (18), Pazoloni declarou apoio ao candidato a prefeito da Serra, Pablo Muribeca (Republicanos), que tem como principal pauta, as críticas a saúde da Serra.
O Sistema Único de Saúde (SUS), por sua natureza, assegura o direito de qualquer cidadão, independente de onde resida, a receber atendimento em qualquer cidade do país. Isso significa que um morador de Vitória pode, legitimamente, ser atendido nas UPAs da Serra, sem restrições.
No entanto, o SUS enfrenta desafios críticos quanto à distribuição de recursos. Embora o sistema seja universal, os municípios acabam arcando com os custos de atendimento de pacientes de outras localidades sem uma compensação financeira adequada. No caso da Serra, os recursos destinados à saúde de seus próprios moradores são utilizados para cobrir os atendimentos de cidadãos de Vitória, sem qualquer reembolso.
Mais de 8 mil moradores de Vitória sendo atendidos nas UPAs da Serra
A Serra possui quatro Unidades de Pronto Atendimento: em Carapina, Castelândia, Serra Sede e uma unidade pediátrica no Hospital Materno Infantil, em Colina de Laranjeiras. Destas, a UPA de Castelândia foi a mais procurada pelos pacientes de Vitória, com 4.260 atendimentos registrados. Em seguida, vem a UPA de Carapina, que atendeu 2.877 moradores da capital, e a UPA da Serra Sede, com 1.041 atendimentos.
Os dados são da Secretaria de Saúde da Serra.
Esse fluxo crescente de pacientes de Vitória exerce pressão sobre o sistema de saúde da Serra. Embora as UPAs priorizem o atendimento com base na gravidade do caso, a chegada de pacientes de outras cidades, muitas vezes em estado mais grave, provoca um aumento no tempo de espera para os moradores da Serra.
Um exemplo prático é a triagem, onde um paciente serrano classificado como “verde” pode ter seu atendimento postergado se um paciente de Vitória com uma classificação “laranja” chegar à unidade, necessitando de atendimento imediato.
Impactos financeiros e de superlotação
Além de sobrecarregar as unidades de saúde, a presença significativa de pacientes de Vitória pode causar desafios no orçamento da Serra. Os recursos municipais, já destinados ao atendimento dos cidadãos serranos, acabam sendo destinados também para cobrir as demandas de outras localidades, sem compensação financeira.
A Serra possui a maior estrutura de saúde municipal entre os municípios do Espírito Santo, com quatro UPAs. Vitória, em comparação, dispõe de apenas dois Pronto-Atendimentos (PAs), o que pode explicar, em parte, o movimento de seus moradores em busca de atendimento na Serra.