À beira de uma epidemia de dengue, a Serra já registrou só este ano mais de quatro mil casos da doença, sendo que um deles evoluiu a óbito. Para ajudar no combate ao mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue e também do vírus da zika e chikungunya, muitas famílias estão se unindo e realizando limpezas nos quintais, varandas e até no espaço interior de suas residências.
É o caso da moradora de Valparaíso Nanna Sad. Ela contou que na sua casa todos são bem conscientes no combate ao mosquito. “Nos ralos, colocamos redinhas e solução com cloro, e a caixa d’água tem tampa de proteção. Temos bastantes plantas e, quando molhamos, retiramos a água dos potes imediatamente. Como a casa tem animais, sempre usamos desinfetantes para limpeza diária e secamos todo o ambiente para que não acumule água”, destaca a médica veterinária.
A moradora de Jardim Tropical Ariane Silva faz limpeza semanal em sua residência juntamente com seus parentes. “Eu e minha família nos unimos para limpar o quintal de casa toda semana. Sempre olhamos os locais onde pode ter possíveis focos e eliminamos o que pode causar. Acho que todos deveriam fazer isso, porque assim vamos conseguir combater a dengue na cidade”, afirma.
Nátaly Carvalho, de Colina de Laranjeiras, se une ao seu esposo para combater o mosquito aedes aegypti. “Se dependesse de mim, a cidade não teria esse monte de focos de dengue. Acho que todos os moradores deveriam se conscientizar e saber que a responsabilidade de combater o mosquito também é nossa e não só da cidade. Na minha casa, eu e meu esposo limpamos o quintal toda semana, e todos os dias vejo os pratos das plantas. Aqui não tem vez para o aedes”, conta.
O Tempo Novo conversou com o subsecretário de Saúde do município, Aldo Lugão, que afirmou que a população precisar atuar no combate. “Cerca de 90% dos focos dos mosquitos estão dentro das casas. É preciso que a população atue no combate. Só o fumacê, só as armadilhas e toda nossa campanha não serão suficientes se a população não estiver junto fazendo a parte dela”, destaca.
Aumento de 1.540% nos casos e sobrecarga nas UPAs
Desde a semana passada, a Serra está em alerta máximo para uma possível epidemia de dengue. Dados da Secretaria de Saúde Municipal mostram que já foram registrados 4.347 casos da doença só este ano, com um aumento de 1.540% se comparado ao mesmo período do ano passado. Além de ser o município com mais casos de dengue da Grande Vitória, foi o primeiro a registrar morte pela doença no estado em 2019. Não foi confirmado nenhum óbito por infecção de zika ou chikungunya, que já têm, respectivamente, 24 e 13 registros na cidade.
Outro problema gerado pelos casos de dengue é a sobrecarga nas UPAs do município. Segundo o subsecretário Aldo Lugão, por conta dos casos de dengue, as UPAs estão sobrecarregadas. “A gente orienta procurar as unidades básicas ou regionais de saúde. Se for dentro do horário de funcionamento delas, é melhor o paciente ir para as unidades e não para uma das UPAs que estão sobrecarregadas”, explica.
Para combater o avanço da dengue, a prefeitura colocou pontos de hidratação e de coleta de exames em unidades de saúde e nas UPAs, e também distribui repelentes para a população.
O município também intensificou o combate ao aedes aegypti desde dezembro de 2018, com a realização de forças-tarefas e mutirões nos bairros onde têm mais notificações e incidência de dengue com ações de bloqueio do vetor. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, são utilizados carros fumacê e de UBV, bombas costais e larvicidas durante as ações de combate. Também são feitas visitas domiciliares a terrenos baldios e a locais estratégicos, como ferros-velhos, floriculturas e borracharias.