Por conta do avanço do mar, o asfalto da rodovia ES-010 está rachando, em frente a Capuba, na região de Jacaraípe. O trecho é crítico, uma vez que além do mar, há grande escoamento de águas da chuva neste ponto. Isso faz com que os moradores da região e motoristas que utilizam a via temam um novo deslizamento.
A moradora de Capuba, Edmaura Fonseca, está com medo. Ela lembrou que em 2013, a rodovia foi carregada por uma grande enxurrada. “Lembro bem do que aconteceu e isso faz a gente ficar com medo. Temos que ter uma ação imediata nesse local para solucionar esse problema de uma vez. O mar está avançando sobre a pista e já existem rachaduras e um buraco”, afirmou a popular.
Em dezembro de 2013, numa chuva histórica que ocorreu na Serra e em outras cidades, esse trecho da rodovia foi completamente carregado com a enxurrada. Além disso, em março do ano passado, motoristas ficaram impossibilitados de circular na via por um momento, já que as ondas fortes estavam avançando com força sobre a rodovia.
Conforme apurado pelo TEMPO NOVO, ainda não existem grandes crateras nesse trecho. Foram vistos algumas rachaduras, que variam de pequenas a grande, e também um buraco. O Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo não confirmou que há risco da pista ceder.
O órgão se limitou a dizer – por meio de nota – que uma equipe já está programada para ir ao local realizar os reparos.
Erosão destrói ruas e até calçadão
A ressaca do mar e a sequência de chuvas nas últimas semanas agravaram o problema da erosão em trechos das praias da Serra. Manguinhos, Marbella, Capuba e Praia da Baleia estão entre os pontos mais afetados; mas também há registro de erosão na Praia do Barrote, em Jacaraípe, e na orla entre Bicanga e Balneário Carapebus.
Em Manguinhos, a situação piorou com a última ressaca. Lá, existem três pontos críticos: avenida Atapoã (final do calçadão); rua Piraquiri, na Ponta dos Fachos; e na Banca dos Peixes. Nos dois primeiros locais, a erosão já destruiu o calçadão e a rua. No terceiro, a situação ainda não é tão grave, mas caso continue, pode atingir a Banca dos Peixes – onde pescadores trabalham.
Moradora do balneário, Karol Balestrassi cobra solução. “Tem causado preocupação. Cada dia é perceptível o aumento avassalador da destruição. Em determinados pontos, sempre os mais castigados, já não é possível o tráfego de veículos e o simples caminhar. Pedimos atenção das autoridades e uma forma de solucionar o problema que vem se agravando em cada ressaca e fortes chuvas”, alerta.
O presidente da Associação de Moradores de Manguinhos, Guilherme Lima, disse que os efeitos da última ressaca foram os piores já notados. “Procurei os pescadores mais antigos para saber se alguma vez já tinham visto isso. Eles falaram que é a primeira vez que a erosão veio com intensidade tão forte. São vários pontos de erosão. Estamos aguardando as autoridades para nos ajudar”, explicou.
Em Marbella, Nova Almeida, moradores tomaram um susto no último final de semana, quando o avanço da maré e a força das ondas destruíram – mais uma vez – parte da Avenida das Américas, situada ao lado de um dos pontos turísticos da Serra, as falésias. O trecho afetado foi interditado para trânsito de veículos.
Morador de Nova Almeida, Saulo Alves teme que o mar chegue às casas. “Não é a primeira vez que isso ocorre. Nossa maior preocupação é que a erosão já atingiu o meio da rua e, nos próximos meses, a tendência é piorar se não for feita uma obra definitiva para resolver isso. A via está totalmente interditada”, pontua.
A Defesa Civil esteve no local para sinalizar. Há, também, preocupação com os turistas, que nesta época frequentam Marbella para visitar as falésias.
Prefeitura promete ações para conter problema
Em nota, a Prefeitura da Serra informou que obras de contenção serão feitas em Marbella e nos trechos críticos de Manguinhos. A promessa é de que essas intervenções começariam ainda nesta semana.
Outra intervenção programada é o da engorda da areia da praia. Trata-se da ampliação da faixa de areia com material retirado de outras praias ou mesmo do fundo do mar. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, esse projeto ainda está em fase de licenciamento e deve abranger trechos de diversos balneários. A previsão é a de que os engordamentos comecem em março.
No entanto, o projeto é polêmico. Ativistas ambientais e surfistas temem que soterre corais, afete reprodução de tartarugas e outros animais nativos das praias. Por isso, eles pedem que a Prefeitura estude a possibilidade de conter a erosão fazendo recuperação de restinga.