Há uma semana moradores de Manguinhos começaram a ver e sentir coisas estranhas no córrego Maringá, que além de cortar o centro do balneário deságua na praia, cartão postal da cidade. Primeiro, um cheiro forte. Depois, espuma e peixes próximos à flor d’água como se estivessem ficando sem oxigênio. Por fim, a mortandade de peixes.
“Avisamos ao meio ambiente da Prefeitura e à Ambiental Serra, pois o rio é formado pela lagoa Maringá, que recebe as águas da Estação de Tratamento de Esgoto do Civit II. A lagoa está poluída, é só ver como as plantas crescem rápido sobre as águas dela”, pontua o presidente da Associação de Moradores de Manguinhos, Guilherme Lima.
O líder comunitário disse que ficou sabendo da mortandade por uma moradora que reside próximo ao condomínio Vila da Aldeia, por onde o córrego passa antes de chegar na praia. Veja o vídeo feito pela moradora:
“Logo depois que avisamos, o pessoa da Ambiental Serra esteve aqui e fez coleta para analisar a água do córrego. Mas ainda não nos informaram o resultado”, completa Guilherme.
O líder comunitário acrescenta que o mal cheiro também está sendo notado no ponto em que o córrego deságua na praia. Ela lembra que inclusive este é um trecho muito utilizado pelas crianças para o banho e muito visitado por conta da beleza cênica.
Meio Ambiente multa concessionária em R$ 330 mil
Por nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra (Semma) informou que vistoriou as instalações da Ambiental Serra (concessionária que em Parceira Público Privada com a Cesan gere o esgoto da cidade há cinco anos) e constatou deficiência no tratamento do esgoto lançado na lagoa e córrego Maringá.
Na nota, a Semma afirma que encontrou níveis mais baixos de oxigênio do que já havia detectado em análises anteriores feita nos efluentes lançados pela ETE Civit II da Cesan/Ambiental Serra no córrego. Tal falto, acrescenta a secretaria, seria o responsável pela mortandade do peixes, que teriam perecido asfixiados.
Por esta razão a Semma multou a Ambiental Serra em R$ 330 mil. Além isso a concessionária foi notificada a realizar análise da água da lagoa Maringá, bem como apresentar o relatório e o resultado laboratorial para a Semma.
Às 12h a reportagem acionou a assessoria de imprensa da Cesan – empresa que também por sua parceira privada Ambiental Serra, uma vez que é responsável pelo serviço executado pela mesma. Mas até o momento da publicação, ainda não havia recebido retorno.
Degradação da lagoa Maringá é crescente
O córrego Maringá desce da lagoa de mesmo nome. A lagoa fica às margens da ES 010 entre Vila Nova e Manguinhos, perto do posto da Polícia Rodoviária Estadual. A lagoa é artificial. Foi formada pelo represamento do córrego que desce dos fundos de vale entre os atuais bairros de Alterosas, Nova Zelândia, Vila Nova e Morada de Laranjeiras. O represamento aconteceu com a construção da ES 010.
Nos últimos anos, a lagoa vem tendo o espelho d´água tomado por vegetação. Segundo especialistas, fruto do excesso de matéria orgânica que vem com o esgoto. Como a ETE Civit II da Cesan/Ambiental Serra joga o que trata na lagoa, a eficiência do tratamento passou a ser questionada pela sociedade e até pelo órgão ambiental do município, que já multou as empresas outras vezes.
O problema da poluição na lagoa Maringá e no córrego foi tema de reportagem no último dia 26 de agosto no Portal Tempo Novo. Confira aqui.