Movimento Negro quer Lockdown com urgência no ES

Em carta aberta, representantes do Movimento Negro do ES pedem ao Governo do ES medidas para minimizar os efeitos da pandemia do novo coronavírus.

Segundo a carta divulgada ontem (02), o grupo intitulado Unidade Negra Capixaba de Combate à Covid-19 pretende entregar nesta quarta-feira (03) uma série de reivindicações ao governo do estado no Palácio da Fonte Grande, no centro de Vitória. Dentre elas, o pedido para publicação de decreto determinando Lockdown no Espírito Santo até que a curva de contágio se achate.

Dentre os argumentos do Movimento Negro, está o fato de que os grupos negros e pardos da população são os mais afetados pela covid-19. Tanto que o inquérito sorológico feito pelo Governo do ES aponta que 70% dos casos do novo coronavírus acontecem entre pessoas desses grupos.

Na carta, o Movimento afirma que isso acontece porque o racismo estrutural gera a vulnerabilidade social a que estão expostas as pessoas negras, estando portanto mais suscetíveis aos efeitos negativos da pandemia.

Antes da entrega das reivindicações, está previsto ato público às 9h em frente ao Palácio Anchieta, também na capital.

Ainda segundo a carta, são 105 reivindicações, que abarcam as áreas de saúde, educação, economia, segurança pública e cultura. E resultam de reuniões feitas pela internet entre representantes de mais de 60 entidades.

A Unidade Negra Capixaba é composta por lideranças de religiões de matrizes africana, pesquisadores, artistas, professores universitários, profissionais de saúde, lideranças estudantis, dentre outros.

Governador admite medidas mais rígidas

Em isolamento e trabalhando pela internet por estar contaminado pela covid-19, o governador Renato Casagrande (PSB) admitiu, em live na última segunda-feira (01), que pode adotar medidas mais rígidas de distanciamento social no ES. No entanto, preferiu não usar o termo Lockdown.

Ontem (02) o Espírito Santo bateu recorde de mortes diárias pelo novo coronavírus, foram 36. O Brasil também, com 1.262 óbitos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a América do Sul se tornou o epicentro da pandemia no mundo.

E desde que a doença chegou em terras capixabas, 664 pessoas já perderam a vida para ela. A Serra lidera o número de óbitos pela covid-19, 166 casos.

Levante contra a discriminação

A pandemia da covid-19 tem aumentado a percepção pública da desigualdade social – que também é racial – não só no Brasil, mas em outros países.

E o asfixiamento de um homem negro por policial branco nos EUA semana passada, agressão filmada e rapidamente disseminada pela internet, deflagrou uma série de protestos contra a discriminação racial em diversos países.