Opinião do Leitor

Mudaram as estações, mas nada mudou: reflexões sobre o cotidiano durante a pandemia

Davi Silva de Carvalho é Licenciado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. Foto: Divulgação

Mais um ano indo embora e ainda estamos vivenciando a pandemia do novo coronavírus, doença a qual já levou mais de 600 mil pessoas. Curioso perceber que no início da pandemia, estávamos com certas expectativas na esperança que seria algo passageiro.

Talvez não queríamos acreditar na dimensão da situação viral e quando demos conta os números de óbitos só foram aumentando em uma escala desenfreada, ainda mais alarmante. Nessa configuração, o impacto na saúde emocional, mental e psicológica na vida do brasileiro ficou preocupante, pois com os protocolos sanitários, dentre eles, o distanciamento social ocasionou um confinamento entre as pessoas de modo que os encontros presenciais foram atingidos. Assim, os sentimentos de melancolia e solidão preencheram o espaço emocional de forma surpresa, o que de repente estava tudo muito tranquilo no verão de 2020, fomos surpreendidos praticamente em seu final no mês de março já nas vésperas do outono.

Vê-se, entretanto contradições existentes nas relações humanas no momento da bombástica notícia de que a pandemia estava acelerando sem limites, por fim chegando em nosso País. Complicado imaginar o distanciamento entre as pessoas, cancelamento de viagens, planos, aulas sendo desmarcadas sem previsão de retorno, fechamento dos comércios gerando prejuízos de comerciantes e funcionários, além do desemprego só aumentando. E o mais grave diante de todo esse cenário, o índice de mortalidade crescendo e preocupando a população brasileira, pois tudo ainda continua sendo novidade com essa partícula invisível, a qual conseguiu desestruturar a esfera econômica, política e social.

Na economia, a situação ficou delicada devido ao aumento dos preços e do padrão de vida, no âmbito político houve uma polarização cada vez mais acentuada em razão dos pensamentos divergentes entre os três poderes. E na questão social, a violência doméstica para além dos casais cresceu de maneira assustadora tendo também separação entre as famílias em razão das brigas de pais com filhos e demais laços de parentesco. Triste diante de todo esse quadro argumentativo é perceber como a convivência social está cada vez mais “fria” e estreita. As pessoas ficando agressivas, maiores competitividades entre si, bem como a ação e reação diante dos óbitos que estamos tendo ainda, agindo de forma neutra ou sendo indiferente perante a realidade. Com a chegada do vírus em nossas vidas de forma direta e indireta, mesmo com os esquemas vacinais caminhando gradativamente em nível nacional percebe-se e o que torna ainda mais melancólico é o que foi esboçado sobre a convivência.

Lamentável a cada dia as taxas de mortalidade avançando vertiginosamente e muitos ainda não caíram em consciência que até o modo de vida que levam implicam na dificuldade de a pandemia acabar e os falecimentos continuam sem previsão de diminuírem, pois afinal tudo só depende de nós. Resta agora querermos abraçarmos e seguirmos seriamente a atual situação ou continuaremos vivendo um bom tempo com esse cenário sombrio. Fiquemos mais vigilantes em nossos atos na conjuntura presente, caso contrário nada mudará efetivamente ou talvez estamos caminhando a passos curtos “iludidos” que dias melhores virão.

Davi Silva de Carvalho é Licenciado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto.

Em 2017 lecionou na turma de licenciatura (Pedagogia, História e Letras) do Departamento de Educação – DEEDU/ICHS/UFOP. No ano seguinte, desenvolveu seus trabalhos de manuseio e transcrição de documentos avulsos pertencentes ao Arquivo Histórico da Câmara de Mariana/MG. Após sua formação acadêmica (2018), obteve duas aprovações nos processos seletivos para cursar disciplinas como aluno especial no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo, PPGHIS/UFES. A primeira aprovação ocorreu em agosto de 2019 e a segunda em março de 2020. Já em 2021, seu artigo intitulado: Memória e História – Análise do documentário Que Bom Te Ver Viva foi aceito e publicado na revista Horizontes Históricos do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe, UFS.

Redação Jornal Tempo Novo

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