No dia 08 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, data celebrada desde o século passado dentro de um contexto de lutas femininas por melhores condições de trabalho, bem como pelo direito de voto.
Hoje temos uma luta diferente: pela sobrevivência e respeito para com aquelas que sofrem diariamente diversos tipos de violência: moral, física, emocional, patrimonial, sexual e tantas outras formas que reduzem a mulher em sua dignidade.
Quando plantonista nas Delegacias Regionais da Polícia Civil, me recordo da total fragilidade emocional das vítimas ao chegarem para o registro de suas ocorrências, nas maioria das vezes agredidas por seus próprios companheiros por motivos dos mais variados, geralmente fúteis. A verdade é que estes criminosos tentam exteriorizar suas diversas frustrações sob a forma de violência justamente contra suas mulheres (as quais deveriam proteger), aproveitando-se da diversidade de gênero e natural fragilidade do sexo feminino, em um ato extremo de covardia praticado no silêncio dos lares indevassáveis. É a perfeita definição da frase “dormindo com o inimigo”.
Um caso em especial me chamou a atenção no município da Serra: há um certo tempo uma vítima nos procurou dizendo que seu marido, embriagado, a ameaçou com uma arma e a obrigou a praticar sexo com um desconhecido, por ter achado que ela havia “paquerado” este homem em uma festa. Como forma de “punição”, obrigou ambos a realizarem os atos. Obviamente que este marido respondeu pelo crime de estupro, pois constrangeu sua mulher e um terceiro a praticarem atos libidinosos diversos.
Muitos são os casos em que o autor agride não só a mulher, mas a família inteira: recordo-me do dia em que uma menina de uns 5 ou 6 anos e moradora do bairro Jardim Carapina, muito machucada nos braços e pernas quando chegou na Delegacia, correu e me abraçou dizendo a seguinte frase: “não deixa mamãe e eu voltar para casa, papai vai bater mais na gente” (sic).
A realidade é que o homem ainda vê a mulher como propriedade sua, principalmente nas cidades do interior e zonas rurais. Muitas das vezes a vítima, sem voz, submete-se às violências por diversos motivos: falta de uma família que a apoie, ausência de condições econômicas de reconstruir a vida (pois depende financeiramente do marido), temor de que seja perseguida, entre outros.
Felizmente temos hoje instrumentos capazes de apoiar a mulher vítima de violência de gênero, como o projeto da Polícia Civil chamado “Homem que é homem”, com o objetivo de acompanhar os agressores que foram denunciados nos Distritos Policiais de Atendimento à Mulher. Estes indivíduos participam de encontros organizados por uma equipe psicossocial da Polícia Civil, em um primeiro momento por meio de intimação judicial e posteriormente de forma voluntária. Em cada reunião são apresentadas conceitos para uma cultura de respeito e não-violência contra o gênero feminino.
Desta forma, celebremos mais esta data tão especial para todos nós, e que as vitórias do sexo feminino no século XX sejam inspiração para que tenhamos mais respeito à dignidade da mulher no século XXI, lembrando que “Violência não é um sinal de força, e sim um sinal de desespero e fraqueza”, nos ensinamentos de Dalai Lama.
Feliz Dia Internacional da mulher!
Fábio Pedroto é Delegado de Polícia, professor universitário e mestrando em segurança pública.
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