Por Bruno Lyra
O município começou na manhã desta quarta (15) a escavação de canais para tentar inundar os focos de incêndio nas turfas com as águas de um valão que desce do bairro José de Anchieta em direção ao Canal dos Escravos. A informação é da assessoria do Prefeito Audifax Barcelos (PSB).
A medida é mais uma tentativa de acabar com o incêndio nas turfas que está afetando a saúde respiratória de moradores da Serra e até de bairros de Vitória. De acordo com a assessoria não está descartada a construção de represa no canal dos Escravos, o principal curso d’água que atravessa a baixada entre o Mestre Álvaro e a BR 101.
Também na manhã desta quarta o Corpo de Bombeiros recebeu o reforço de mais 60 homens para ajudar no combate. Trata-se de alunos do curso de formação de Bombeiros na 3ª Cia, cujas aulas foram suspensa para que a turma fosse para campo. A informação é do comandante da 3ª Cia, Capitão Thompson.
Segundo Thompson além do combate com água da Estação de Tratamento de Esgoto Mulembá, de Vitória, as equipes trabalham com enxadas e abafadores em pontos em que a turfa é mais estreita. A Prefeitura cedeu seis caminhões pipas com capacidade de 16 mil litros cada para o serviço.
Thompson acrescentou que a Prefeitura chegou a oferecer servidores para ajudar. Mas os Bombeiros recusaram sub argumento de que é uma tarefa arriscada para pessoas sem o treinamento adequado, já que em alguns pontos é possível um adulto afundar dois ou três metros em meio às turfas quentes, o que seria fatal.
Criminoso
Os Bombeiros reforçaram a hipótese de que o incêndio pode ser criminoso. Segundo eles moradores afirmam que quando as equipes vão embora homens aparecem para colocar fogo. E seriam pessoas ligadas à criação de cavalos no local, com interesse em fazer pasto.
Agrônomo defende medida adotada
Para o agrônomo e técnico da Secretaria de Meio Ambiente de Vitória, Fernando Pratti, o barramento de cursos d’água que atravessam as turfas é a solução.
Isto porque as turfas são formadas pela decomposição da vegetação de terrenos alagados que ao longo de milhares de anos se acumula no solo. É como uma camada de carvão, cuja profundidade é variável.
“Em situações normais essa camada fica úmida. Mas as ocupações indevidas, abertura de canais para drenar os alagados associadas a degradação dos córregos que o alimentam,
reduziram a umidade natural da região nas últimas décadas”.
Com esse cenário de seca extrema essa camada está seca e suscetível ao fogo. Tanto por combustão espontânea quanto por incêndio provocado. A única solução é encharcar o solo. É possível fazer isto barrando o Canal dos Escravos e fazendo canais secundários para chegar até aos focos”, aponta.
Fernando alertou ainda que o incêndio pode se prolongar por mais de um ano. “Isso já aconteceu, só que numa área menor, nas turfas próximas à BR 262 em Viana”, lembra.
Câmara vai pedir investigação da Polícia Ambiental
A presidente da Câmara de Vereadores da Serra, Neidia Pimentel (sem partido), esteve reunida agora a pouco com os Bombeiros. Ela defendeu a medida da construção de canais e barramentos dos cursos d’água.
Pediu ainda que sejam fechadas as comportas do Canal dos Escravos na região da rodovia do Contorno e que a Prefeitura mantenha as máquinas no local para uma ação emergencial caso as medidas haja risco de inundação das casas que foram construídas na baixada das turfas.
Neidia acrescentou ainda que a Câmara vai oficiar a Polícia Ambiental e Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) para investigar a hipótese de incêndio criminoso e
E solicitar aos Governos estadual e municipal avaliação e monitoramento dos impactos dos barramentos.
Segundo a Secretaria de Saúde da Serra a fumaça das turfas fez aumentas em 10% os atendimentos nos Pronto Atendimentos de Carapina e Serra-sede por problemas respiratórios.