O secretário de Defesa Social da Serra, Coronel Nylton Rodrigues, anunciou esta semana mais uma medida polêmica. A partir de agora estão proibidos em locais fechados eventos de grande porte, com público superior a cinco mil pessoas. O alvo principal é o Pavilhão de Carapina, que abriga grandes eventos musicais e feiras setoriais com a de rochas, agropecuária e supermercados.
Rodrigues afirma que a decisão visa “proteger os freqüentadores de shows, bem como a comunidade vizinha aos eventos”. Ele apontou que durante estas festas são registrados roubos, atos de vandalismo, perturbação do sossego, lesão corporal, prejuízos ao trânsito, entre outros. “Os ambulantes não obedecem à fiscalização e confrontam até a Polícia Militar. Importa lembrar que o Pavilhão de Exposições de Carapina, palco de eventos com grande público, está situado nas proximidades de um hospital e de comunidades”, acrescentou o coronel.
Ele citou como exemplo um evento realizado em outubro de 2013, onde, segundo o secretário, seis pessoas foram atingidas com disparos de armas de fogo. “O código de posturas do município determina que a prefeitura tenha foco na segurança dos freqüentadores para a aprovação dos eventos”, lembrou.
Nylton Rodrigues informou que a decisão pela proibição de grandes eventos partiu do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), formado por representantes das secretarias municipais, da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Juizado da Infância e da Juventude, Fórum da Serra e demais autoridades vinculadas à segurança pública, que teriam identificado o local (Carapina Centro de Eventos) como inadequado para grandes eventos.
Sobre a realização de outros grandes eventos na cidade, o secretário disse que é necessário avaliar a localização. “Os eventos tradicionais da Serra não serão afetados com a medida, pois acontecem em locais abertos e com condições de receber este público. A promoção de eventos e o entretenimento são bem vindos, desde que ofereçam segurança ao público”, apontou.
Procurado pela reportagem, o gestor do Carapina Centro de Eventos, Zezinho Boechat, disse que não foi notificado oficialmente sobre a decisão da prefeitura.
“Para mim é uma conversa de secretário com a imprensa. O espaço foi criado há 30 anos para a promoção de pequenos, médios e grandes eventos. Vamos aguardar a justificativa da decisão da prefeitura”, disse.
Os vereadores da Serra ouvidos pela reportagem do jornal Tempo Novo não concordam com a decisão de proibir a realização de festas com público acima de cinco mil pessoas em locais como o Carapina Centro de Eventos.
“A decisão é jogada para o público sem que seja discutida com a sociedade ou a Câmara seja ouvida. É preciso ouvir todos os atores envolvidos, e a Câmara de Vereadores faz parte deste projeto”, disse Aldair Xavier (PTB).
O vereador Basílio da Saúde (Pros) também não aprova a medida da forma como foi colocada. “É necessário aumentar o efetivo policial. A Câmara precisa ser inserida neste debate”, frisou o parlamentar.
Nacib Haddad (PDT) avalia que não se pode retrair o município. “É um absurdo. Caso haja o entendimento sobre a inviabilidade do local, deve-se disponibilizar outro espaço, que seja mais apropriado”, explicou.
Bruno Lamas (PSB) ponderou que eventos precisam de regras, regulamentos, fiscalização, da presença do poder público de segurança. “É necessário avaliar sempre o objetivo do evento. Já pensou proibir uma manifestação religiosa pela paz, pelas famílias, por conta do número de pessoas?”, questionou o vereador.
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