Por Bruno Lyra
“Em 2016 o PDT vai querer discutir o futuro da cidade, mas necessariamente não precisa ser eu” Deputado Federal eleito com maior votação no ES, o ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal (PDT) revela seus planos para o mandato na Câmara. Comenta também a relação com seu ex-aliado e agora principal adversário político, o prefeito Audifax Barcelos (PSB), e falou sobre a possibilidade de voltar a comandar a prefeitura da Serra.
O senhor foi campeão de votos no Estado. Isto o credencia a novos voos no Executivo? Na Serra eu fui vereador, deputado estadual, prefeito em três mandatos e médico há mais de 30 anos. Eu creio que esses foram fatores que acabaram contribuindo para que eu tivesse uma votação como essa. Isso aumenta a minha responsabilidade e meu compromisso.
O senhor pensa em voltar a disputar a Prefeitura da Serra? Fui eleito para representar a população como deputado federal. Não se pode disputar uma eleição pensando na outra. Evidentemente que em 2016 o PDT, partido que governou a Serra por 16 anos, vai querer discutir o futuro da cidade. Mas necessariamente não precisa ser eu a pessoa que estará discutindo o processo eleitoral da Serra.
O PT governará o Brasil por mais quatro anos, numa apertada eleição que o PDT ajudou a vencer. Há anos capixabas se queixam dos poucos investimentos federais no ES. Como reverter isso? Eu também faço parte do grupo que acha que o Espírito Santo poderia ter recebido mais investimentos. Acho que não é nem pela necessidade do Estado, mas pelo que ele representa na composição do PIB nacional. Mas na vida da gente tudo tem dois lados. Nos últimos anos a arrecadação do ES tem crescido acima da média nacional. O Estado não se preocupou que poderia perder o Fundap, enfrentar crise mundial; não cobrou do Governo federal com mais rigor a duplicação das BR’s, o porto de águas profundas, um novo aeroporto de passageiros e o aeroporto de carga.
O governador Paulo Hartung (PMDB) apoiou Aécio Neves (PSDB). O senhor crê em retaliação da presidente reeleita Dilma Roussef (PT)? Essa regra política deve ser sepultada. Não acredito que hoje os políticos mais modernos possam utilizar-se disso como mecanismo para penalizar aqueles que escolheram democraticamente outro candidato. Por exemplo, eu fui eleito deputado federal; isso não quer dizer que eu vou deixar de trabalhar para a Serra, porque politicamente eu não me dou bem com o prefeito.
O senhor pretende fazer emendas para a Serra nos próximos dois anos? E a deputada Sueli Vidigal (PDT) tem mandado emendas para a cidade? Mesmo depois que eu perdi as eleições, Sueli continuou colocando emendas para a Prefeitura da Serra. Tem R$ 45 milhões para a obra do Hospital Materno Infantil. Recursos para drenagem de vias; unidades de saúde. Teve também emenda de Sueli, no valor de R$ 14 milhões, para desassoreamento do rio Jacaraípe. Vou discutir com a população e com a liderança da cidade minhas emendas. Só registrando que não chegou emenda do deputado federal Audifax quando eu era prefeito.
Hoje a cidade está polarizada politicamente com duas forças: o senhor e o prefeito Audifax. Isso não pode prejudicar a Serra? É possível um diálogo? Eu nunca cortei o diálogo. Foi ele (Audifax) quem decidiu um dia romper o diálogo. Não nasci na Serra, mas escolhi a cidade e tenho carinho por ela. Seria irresponsabilidade minha permitir situações que não favorecem o município. Eu não tive o voto do prefeito Audifax, mas sim da população da Serra. Então eu devo isso a ela com trabalho.
Quando o prefeito Audifax assumiu ele reclamou que a gestão do senhor deixou uma dívida de R$ 270 milhões… Em relação à divida da prefeitura, o prefeito tem de definir qual é a divida, ele já falou de R$ 100, 130, 140, 200, 270 milhões. Hoje a dívida atual da prefeitura está em quase R$ 350 milhões. A prefeitura aumenta a dívida, mas não é dívida vencida. É divida fundada. Eu não fiz um centavo, tudo que foi feito nos meus mandatos foi com recursos próprios ou de convênios. E o prefeito esqueceu que eu deixei mais de 70 obras de investimento, obras que não estavam inacabadas e sim em andamento.
É também colocada na conta da gestão Vidigal a aplicação de R$ 40 milhões feita pelo Instituto de Previdência dos Servidores (IPS) em um banco que faliu semanas depois. O que o senhor acha? O IPS tem autonomia e um conselho, que aprovou a aplicação. Desconheço que houve a perda total do recurso. Tive a informação de que o percentual de quase 80% foi aplicado no tesouro nacional. Todos os balancetes que a prefeitura faz, coloca o valor total que foi deixado no instituto. O que eu recebi de aplicação do IPS e repassei foi muito mais que o dobro. Eu não fiz nenhuma aplicação, é uma ação normal do instituto.
O PSB teve uma derrota significativa nessas eleições. Qual o rumo que o senhor enxerga para o partido no ES? Tem dois PSBs. O de verdade e o que estava no poder. O PSB verdadeiro vai continuar. O partido começou a crescer quando o Paulo Hartung foi governador no primeiro mandato pela legenda e depois com Renato Casagrande no Senado. Muita gente se aproximou dele quando estava no poder. Agora volta ao tamanho que realmente era.
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