Nas últimas semanas, três professores da Escola Estadual Clóvis Borges Miguel, em Serra Sede, foram afastados por denúncias de assédio sexual, que teriam sido praticados pelos profissionais com estudantes da unidade escolar. Um deles prestou depoimento na Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira (9) e se defendeu das acusações.
Ele faz parte do trio de três profissionais afastados da unidade escolar. Logo quando as denúncias vieram a tona, era apenas um professor acusado. Mas, na semana seguinte, mães das vítimas procuraram a Assembleia Legislativa (Ales) e fizeram acusações de assédio contra mais dois profissionais – que também foram retirados da escola pela Secretaria de Estado de Educação (Sedu). (Por motivo de segurança, nenhum dos profissionais terá seu nome e informações sobre a matéria na qual ele leciona citadas nessa matéria).
Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos da Ales, um dos professores afirmou aos deputados, que no dia 28 de junho, foi informado das acusações. Uma aluna teria ficado incomodada com uma conversa que o professor teria tido com ela. De acordo com a CPI, o diálogo foi inadequado, mas sem conotação sexual.
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“Fui informado verbalmente sobre a acusação e foi feito um registro que eu estava ciente. Fiquei estarrecido que meu nome teria sido citado. Eu não confirmo essas acusações. Não me lembro desse tipo de conversa. Nunca falei coisas de caráter sexual com meus alunos. Não sei se foi um mal-entendido. Eu, inclusive, fui um dos professores que apoiaram o movimento das meninas contra assédio na escola. Sou professor de (…) e seria da minha parte, contraditório, se eu não lutasse pela dignidade das pessoas”, declarou.
O professor ainda comentou sobre seu afastamento. “No dia 4 de julho fui informado do meu afastamento via diário oficial, que pra mim já foi uma pena máxima. Reitero com minha consciência tranquila que não recordo do caso citado contra mim. E fiquei estarrecido quando soube que fui acusado”, disse.
O deputado estadual Lorenzo Pazolini, (sem partido), que preside a Comissão de Proteção à Criança e ao adolescente comentou o depoimento do professor ouvido hoje e afirmou que o professor “não agiu de má fé”.
“De todos os casos relatados, o do senhor é que gera maior dúvida quanto a existência de delito. Fizemos análise do seu histórico profissional, de vida e de comportamento. Temos experiência em técnica de interrogatório. E a partir de seu depoimento, é possível notar que o senhor tenha agido com falta de habilidade, e não com má-fé. Nessa análise dos elementos que temos até o momento, podemos avaliar que o senhor não agiu de má-fé, mas agiu com falta de respeito. Um diálogo inapropriado, um excesso de palavras, mas sem conotação e sem tentação efetiva de um encontro de cunho sexual”, afirmou o parlamentar.
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Vandinho Leite, presidente da CPI dos Crimes Cibernéticos, afirmou que essa denúncia é a mais frágil e por isso ouvirá novamente a família e a aluna. “Essa foi uma denúncia mais frágil, que parece ter se tratado de um mal-entendido. Vamos ouvir novamente a família e a aluna para concluirmos e chegarmos ao desfecho em relação ao professor”, explicou Vandinho Leite. Os outros dois profissionais ainda serão ouvidos pela CPI.
Denúncias
As denúncias de assédio sexual foram feitas pelas estudantes, inicialmente, através de cartas que foram espalhadas pela escola. Mas ganhou forte repercussão pelas redes sociais no último dia 25. Ainda na internet, as estudantes dizem que a direção da escola foi omissa quando recebeu as denúncias. Após a repercussão do caso, o primeiro professor foi afastado das suas funções. Mas logo depois, outros dois também foram retirados de suas funções.
As mães dos estudantes procuraram a Ales para denunciar os assédios. Segundo os depoimentos feitos pelas alunas e suas mães, o professor teria pedido para encontrar as vítimas fora da escola, além de fazer elogios e pedir beijo. Ainda há relato de um outro professor que teria assediado um aluno que sofre com deficiência intelectual.
Diretora pode ser afastada
A diretora da Escola Estadual Clóvis Borges Miguel, que fica em Serra Sede, pode ser afastada do cargo por “omissão” na apuração das denúncias de assédio sexual supostamente praticado por um professor da unidade escolar. O pedido de afastamento foi feito pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos da Assembleia Legislativa (Ales).
Em sessão realizada no dia 2 de julho, o deputado estadual Vandinho Leite (PSDB), que é o presidente da CPI, acusou a escola de omissão. “Hoje, tive o desprazer, de constatar total falta de sensibilidade da direção da escola, ao receber as graves acusações que os pais dos alunos relataram para a escola. Tem acusações feitas há mais de 60 dias e a escola não fez nada”, disse o parlamentar. Participaram da sessão, o superintendente regional de Educação de Carapina e a diretora da escola.
Vandinho ainda pediu que a Secretaria Estadual de Educação afaste todos os envolvidos no caso, inclusive a diretora da unidade escolar. “Como presidente da CPI, deliberamos a indicação do afastamento imediato da diretora e dos professores acusados. Espero que o Secretário de Educação, faça o correto e acate o nosso pedido”, declarou o deputado.
Diretora diz que apurou denúncias
Durante a reunião, a diretora da escola afirmou que tratou o caso com seriedade e deu início aos procedimentos administrativos. “Ao tomar conhecimento, iniciamos um processo interno para apurar a situação. Chamamos os pais e as alunas para compreender a situação. E em seguida falamos com o professor. Ele confirmou os atos, mas disse que era uma brincadeira e se desculpou. Avisamos a superintendência que afastou preventivamente o professor”, afirmou a profissional que pode ser afastada do cargo.
O que diz a Sedu
O TEMPO NOVO entrou em contato com a Sedu que informou que já afastou todos os três profissionais envolvidos nas denúncias, mas disse que a diretora não foi afastada de suas funções na escola. Afirmou ainda a Sedu irá ouvi-la para dar encaminhamento aos procedimentos necessários.
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