Por Ayanne Karoline
O Espírito Santo poderá ter uma nova estrada de ferro, a EF-118 Rio-Vitória, e entre julho e agosto deverão acontecer as audiências públicas nos dois estados.
No primeiro momento, o principal tipo de carga transportada será os granéis sólidos, como o minério e a soja, havendo a possibilidade de se transportar também carga geral, como granito e contêiner.
“Existem adaptações a serem feitas para que atenda ao transporte de passageiros, porém ainda não está incluso no projeto inicial”, diz a subsecretária de Comércio Exterior da Secretaria Estadual de Desenvolvimento , Mayhara Chaves.
Conforme a assessoria de comunicação do Estado do Desenvolvimento, o projeto passará por audiência pública entre julho e agosto, ainda sem as datas definidas, e, por isso, o trajeto poderá sofrer modificações. Essas audiências, que acontecerão em Vitória e em Campos (RJ) fazem parte da última etapa para que o projeto seja encaminhado para apreciação do Tribunal de Contas da União (TCU).
O projeto da ferrovia, que interligará os complexos portuários dos dois estados, foi entregue no início deste mês ao ministro dos transportes e ao diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O investimento é de cerca de R$ 8 bilhões.
Segundo informações da Secretaria dos Transportes e Obras Públicas (Setop) ainda não há previsão para início das obras. Pelo projeto, a Rio-Vitória terá 577 km de extensão e atenderá à demanda dos portos de Sepetiba, Itaguaí, Macaé, Barra do Furado e Açu, no Rio de Janeiro, e os portos Central e Tubarão, no Espírito Santo.
A nova ferrovia também estará interligada com a rede da concessionária MRS, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo e Minas Gerais. E, no Espírito Santo, com a Estrada de Ferro Vitória-Minas.
A EF-118 faz parte do Programa de Infraestrutura e Logística (PIL), lançado pelo Governo Federal em 2012, que previa a concessão, por parte da União, de 12 novas ferrovias no país. Em 2013, os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro celebraram convênio para avaliação e elaboração do projeto da nova estrada de ferro.
Do Atlântico ao Pacífico pela Transcontinental
A ferrovia EF-118 fará a articulação com a futura Estrada de Ferro Transcontinental – ligação ao Peru (EF-354), a partir de Campos dos Goytacazes, atravessando as regiões minerais e agrícolas do centro do país, e possibilitando a conexão com os mercados europeu e asiático.
“A integração da EF-118 com a ferrovia que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico é de suma importância para o desenvolvimento econômico do nosso país, pois viabiliza uma quantidade maior de cargas e cria uma ligação direta com os portos do Peru”, destacou a subsecretária de Comércio Exterior, Mayhara Chaves.
A Transcontinental foi planejada para ter aproximadamente 4.400 km de extensão em solo brasileiro, entre o Porto do Açu, no litoral do estado do Rio de Janeiro e a localidade de Boqueirão da Esperança/AC, como parte da ligação entre os oceanos Atlântico, no Brasil, e Pacífico, no Peru.
Malha capixaba
Com o anúncio da EF-118, a malha ferroviária do Espírito Santo deverá ser destaque no cenário nacional, pois fará ligação entre os principais polos produtores de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, e os maiores portos do Brasil. “Vamos ampliar a abrangência e movimentação de carga dos trechos ferroviários em operação no Estado”, afirma a subsecretária de Comércio Exterior, Mayhara Chaves.
Atualmente, o Espírito Santo conta com duas ferrovias em funcionamento. A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e Ferrovia Centro Atlântica (FCA). Juntas, investiram mais de 746 milhões em 2014, entre infraestrutura, sinalização, oficinas, etc. Só este ano, foram quase 14 milhões de toneladas de carga transportada. As duas geram com cerca de 12.300 empregos.