A associação entre obesidade e câncer é cada vez mais evidente e alarmante. Um novo estudo, realizado na Universidade de Lund, na Suécia, apontou o excesso de peso corporal como fator de risco para 32 diferentes tipos de câncer. Até agora, estudos científicos relacionavam a obesidade a 13 tipos de tumores malignos.
Para esse novo estudo, os pesquisadores responsáveis monitoraram o peso e os hábitos de 4,1 milhões de pessoas ao longo de 40 anos. Durante essas quatro décadas, foram identificados 332.500 diagnósticos de câncer, e em 40% deles o excesso de peso foi associado como um dos fatores de risco.
“A cada novo estudo, descobre-se que as complicações causadas pelo excesso de peso são maiores. Ou seja, a gravidade é ainda maior do que imaginamos, por isso o aumento do número de pessoas obesas é bastante preocupante. Se nada for feito para combater a obesidade em larga escala, num futuro próximo teremos uma geração ainda mais adoecida por enfermidades graves”, ressaltou o médico cirurgião do aparelho digestivo Gibran Sassine.
A lista de neoplasias relacionadas à obesidade inclui câncer de mama, intestino, útero e rins. E pela primeira vez, a gordura corporal excessiva foi associada a mais 19 tipos de câncer, entre eles, o melanoma maligno, tumores das glândulas pituitárias, de vulva e pênis e diferentes tipos na região de cabeça e pescoço.
“A obesidade desencadeia um processo inflamatório no corpo e isso altera o metabolismo em alguns hormônios. Esse processo pode danificar as células e, assim, propiciar o desenvolvimento de tumores malignos em diversas regiões do corpo”, explicou Sassine.
O médico cirurgião do aparelho digestivo ressaltou a importância de os governos desenvolverem políticas públicas que viabilizem um tratamento acessível. “A obesidade afeta boa parte da população mais pobre que não tem condições de bancar um tratamento, seja ele cirúrgico ou medicamentoso. Além disso, é fundamental que os pacientes tenham acompanhamento para que os resultados sejam eficazes”.
A médica oncologista Camila Beatrice destacou que o excesso de peso corporal é um fator de risco bem conhecido que pode ser frequentemente modificado através de mudanças no estilo de vida do paciente.
“A obesidade está associada a fatores inflamatórios crônicos que resultam em alterações metabólicas. É importante lembrar que a obesidade é uma doença metabólica que requer atendimento multidisciplinar e acolhimento por parte dos profissionais de saúde, ressalta Camila, que é pós-graduanda em nutrologia oncológica.