Por Bruno Lyra / Conceição Nascimento
Luiz Paulo Veloso assumiu a presidência do Banco de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo (Bandes) no início de 2015. Ele revela as estratégias de financiamento neste contexto de crise econômica e hídrica. E, na condição de uma das lideranças históricas do PSDB no ES, fala dos rumos da legenda no estado e na Serra.
Qual o papel do Bandes no desenvolvimento do ES?
São quase cinquenta anos de vida. Atualmente nossa prioridade é introduzir mecanismos de risco, fundos de investimento, captação acionária, debêntures conversíveis. Aproximar a economia capixaba do mercado de capitais. Estamos trazendo o fundo Criatec 3 instituído pelo BNDES para as Startups, estamos negociando também o fundo aeroespacial para estímulo a fornecedores dessas indústrias.
Outros exemplos do que o Bandes atua….
Continuamos a ser repassadores do BNDES, para agricultura, indústria, serviços. Temos o microcrédito de até R$ 20 mil e o programa Nosso Crédito com o Banestes. Temos também uma rede de agentes e consultores em parceria com as Prefeituras. Nosso orçamento em 2015 é de R$ 381 milhões para operações. Temos uma carteira de mais de R$ 400 milhões de operações em estágio diferente de maturação, além de R$ 1 bilhão em operações já contratadas.
Esses R$ 400 milhões em perspectiva. Tem alguns na Serra que o senhor destacaria?
A Serra é quem tem maior participação na industrialização do Espírito Santo. A gente não pode citar nomes de empresas. Uma prioridade neste ambiente de crise é a promoção de exportações, principalmente as que vão para os Estados Unidos. Agregar mais valor como rochas, agroindústria, cafés especiais, chocolate, cachaça, confecções, produtos orgânicos, naturais. Outras prioridades são a economia verde e a economia criativa.
Uma das ações do governo nesta seca é restringir a irrigação. Como fica o financiamento dessas atividades neste contexto?
Estamos de olho na sustentabilidade, não apenas neste momento de crise. Agora só financiamos irrigação por gotejamento. E outras tecnologias de aperfeiçoamento da produção que trate de forma racional os recursos ambientais, pois o agricultor que não administra bem seus ativos ambientais está condenado a ter prejuízos.
O Espírito Santo está gerindo bem os seus recursos ambientais?
Contando o esgoto, estamos no vermelho em relação à gestão dos recursos naturais, incluindo a água. Nosso padrão pode ser e muito aperfeiçoado. Temos que passar por uma revolução no padrão tecnológico de nossa agricultura e gestão dos ativos ambientais. Seja na proteção das nascentes, topo de morro, mata ciliar, reservatórios naturais, uso da água, cisternas.
A Serra, por exemplo, não poderia aproveitar o potencial do Mestre Álvaro?
Sim. É um ativo ambiental espetacular. Pode ter pousada, restaurante. Estamos conversando muito com as secretarias de Meio Ambiente e Turismo na perspectiva de gestão dos Parques do Estado para fazer PPPs (Parcerias público – privadas) e o Bandes financiar.
Essa política de fazer grandes portos e siderurgia não pode aniquilar de vez o turismo de lazer nas praias?
Não contraponho portos e turismo. Não é essa a experiência mundial. Por exemplo, a Cidade do Cabo na África do Sul foi reinventada com a criação do porto. Ela tinha 13 restaurantes e passou a ter 90. Virou destino turístico internacional. E na Serra é o pessoal da tilápia da lagoa do Juara quer fazer um restaurante flutuante. O projeto está na fase de desenvolvimento para ser viabilizado pelo Bandes.
O estado deve insistir em melhorar o limitado aeroporto de Vitória?
Ali é sítio aeroportuário espetacular. O problema é que tudo depende do governo Federal. Se deixassem o estado fazer, poderíamos ter avançado, até com parceiros privados. A mesma dificuldade ocorre com o Porto de Vitória, onde uma simples dragagem depende de autorização.
O senhor considera o modelo de concessão da BR 101 adequado?
O modelo de concessão da BR 101 é ruim, prefiro como foi feito em são Paulo. O nosso demora muito tempo, pois está sendo feito com dinheiro do pedágio. Se fosse outro modelo a BR-101 já estaria duplicada.
O senhor acredita na possibilidade do impeachment da presidente Dilma?
Não tenho esperança que esse governo possa recuperar mais alguma coisa. Mas não sou jurista, minha interpretação é muito mais como economista. Esse projeto atual fracassou. E Dilma não falou a verdade, por isso vamos pagar uma conta grande.
Aécio Neves é realmente a liderança maior do PSDB, haja vista que não conseguiu vencer no seu estado?
Estaríamos muito melhor se fosse ele o presidente do país hoje. Nunca acreditamos nesse projeto do PT, nem quando o país cresceu 7,6% ao ano no governo Lula. O PSDB tem o privilégio de ter grandes líderes como Aécio, que é o mais adequado para uma eleição presidencial.
O senhor espera contar com apoio do governador Paulo Hartung (PMDB) para a disputa pela prefeitura de Vitória?
Sou pré-candidato e tenho experiência eleitoral par saber que, de hoje até ano que vem em julho, preciso ser o melhor candidato. Só o processo que vai dizer se serei eu mesmo. Se não for, apoiarei o nome que for escolhido por consenso.
A entrada de Vandinho Leite pode fazer o PSDB voltar a ser forte na Serra?
Não vou falar sobre a Serra. Estou feliz com a liderança do presidente Jarbas, do vice Cesar Colnago, muita gente se filiando, o senador Ricardo Ferraço deve vir para o partido. Temos dois deputados estaduais, Mansur e o Majeski, fazendo excelente trabalho, assim como o Deputado Federal Max Filho.