Está difícil no Brasil saber aonde termina o certo e começa o errado e vice-versa.
No início da semana assistimos a imprensa nacional destacar a contrariedade do ex-presidente Lula com a presidente Dilma por conta da operação de busca e apreensão que a Polícia Federal fez em uma empresa do filho do ex-presidente na chamada Operação Zelotes.
Segundo informações divulgadas pelo jornal O Estado de São Paulo, replicada em outros grandes veículos, o ex-presidente Lula tem afirmado que em nome do combate à corrupção, querem acabar com o PT e com a reputação dele, enquanto a presidente Dilma passaria como a presidente que combateu a corrupção no Brasil.
Trata-se de uma brutal inversão de valores por parte do ex-presidente Lula, que tem uma capacidade surpreendente de oratória. Ele não questiona os fatos levantados e apurados pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal que envolvem o seu filho Luiz Cláudio; Ele questiona a operação, feita por um órgão subordinado ao Governo, que no seu entendimento tinha que dar satisfações ao ministro da Justiça e à Presidência da República, que teriam a autoridade de barrar as buscas e apreensões feitas na empresa do seu filho.
O ex-presidente Lula faz papel de vítima, mesmo sabendo que uma operação como essa é precedida de uma ampla investigação feita pelo Ministério Público Federal e apoio da Polícia Federal e que a busca, apreensão e prisões são autorizadas pela Justiça Federal mediante as provas apresentadas. Portanto não são invenções de quem quer que seja para incriminar filho de ex-presidente, como forma de acabar com o seu legado e com o seu partido político.
Postura também canhestra teve o ex-presidente Lula quando afirmou que as pedaladas fiscais cometidas por Dilma foram para pagar o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, como que se fosse permitido cometer crimes quando se é a favor dos pobres.
Na cabeça do ex-presidente, o errado está certo e o certo está errado.
Irresponsabilidade com as águas
A natureza não sabe se defender. Mas sabe se vingar. A crise da água no ES é, em grande parte, resultado da falta de compromisso ambiental dos governantes que passaram pelo Palácio Anchieta nas últimas décadas e também da maioria dos prefeitos.
O que se viu no Espírito Santo nas últimas décadas foi à priorização de plantas industriais poluentes, a supressão de mata ciliar, aquela que preserva as margens de córregos, rios e nascentes, supressão de mata atlântica, descargas de esgoto nos cursos hídricos, entre outras ações, como fomento às monoculturas e pastagens que vão exaurindo os recursos naturais.
Mesmo com os frequentes alertas dados por ambientalistas e cientistas de que o estado poderia entrar em processo de desertificação, nada foi feito. Os governantes não quiseram ‘perder’ tempo com ações preservacionistas que só seriam capitaneadas politicamente no futuro, por seus sucessores e provavelmente adversários.
Na Serra mesmo, o único prefeito que expressou preocupação com a questão da água foi João Baptista da Motta, que por volta de 30 anos atrás, ainda no seu primeiro mandato, defendia que a lagoa Jacuném fosse preservada para servir de ponto de captação de água para consumo humano.
Passado três décadas a Jacuném, o segundo mais importante recurso hídrico da Serra, encontra-se totalmente poluída por esgoto residencial in natura, despejados por moradias irregulares no seu entorno, por esgoto mal tratado pelas estações da Cesan despejados na lagoa e pelos dejetos industriais lançados por empresas de seu entorno.
Além de toda essa carga de esgoto, a Jacuném vê a ‘morte’ lenta de suas nascentes com a pressão da expansão urbana e grilagem de terras, diminuindo assim o volume d’água.
A água da lagoa hoje não serve para consumo humano, está altamente poluída e a sua recuperação levaria anos de custosos investimentos.
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