Por Bruno Lyra
Além dos políticos com base eleitoral local, candidatos de outros municípios que concorrerão a algum cargo nas eleições de 2018 devem investir com força na Serra. São duas as razões: uma, mais óbvia, é numérica: a cidade é a mais populosa do ES e tem o maior número de eleitores do ES, com 317.600. A 2ª colocada, Vila Velha, por exemplo, tem 293.849 pessoas aptas a votar, segundo o TRE.
A outra razão é mais complexa, porém não desprezada por candidatos, seus marqueteiros e conselheiros: o custo do voto. Não se trata de comprar votos, embora o raciocínio também valha para as lideranças que lançarão mão da prática. Mas pelo esforço de marketing, presença pessoal e articulação que o postulante a um mandato em 2019 terá que fazer para convencer os eleitores locais.
Explica-se. Das quatro cidades mais populosas da Grande Vitória, a Serra tem a população com menos identidade local. Gente que muitas vezes tem pouco ou nenhum parente aqui. Parcos laços de amizade. Parte expressiva é pobre e fugiu da miséria e do leste mineiro e sul da Bahia, as duas principais regiões de êxodo em direção ao município serrano.
São pessoas que, por contingência, não estão pensando num projeto para o Espírito Santo. E sim, no que vão comer amanhã, se terão o dinheiro do aluguel, se conseguirão um lote numa área verde qualquer ou se arranjarão uma vaga numa empreiteira que presta serviço a alguma indústria. A Serra tem 100 mil pessoas na linha da pobreza, com renda inferior a R$ 147 por mês, segundo o IBGE.
Quem é mandatário e almeja a reeleição e quem não é, mas conhece as regras do jogo e tem recursos para se colocar competitivo nele, sabe disso: o voto na Serra é mais barato. A variável nisto é que a cidade está divida, há tempos, em duas lideranças: Audifax e Vidigal. Ambos com muita força eleitoral. Bater de frente contra qualquer um dos dois é complicado numa disputa direta.
Mas é bom lembrar o caso de deputado estadual Amaro Neto em 2014. Com forte inserção nas camadas mais pobres devido ao formato de programa televisivo que até hoje protagoniza, Amaro foi o 3º mais votado na Serra, mesmo sem trabalho e base na cidade, ficando atrás apenas de duas lideranças que há décadas militam no município: Nacib Haddad e Bruno Lamas.