Estradas na Serra que levam a palavra Contorno parecem que estão fadadas a todo o tipo de má sorte, a julgar pelo esforço do poder público em implantá-las ou melhorar a que já existe, no caso o Contorno de Vitória.
Esta é parte integrante da BR 101, ligando Carapina a Campo Grande (Cariacica), onde encontra a BR 262, na altura do Ceasa. As outras duas são o Contorno de Jacaraípe, que inicia no terminal do Transcol em Castelândia e que no projeto termina em Nova Almeida cujas obras estão paradas desde o final de 2014, e o Contorno do Mestre Álvaro, que será uma nova rota da BR 101 na Serra. Esta última ainda está só na promessa.
Todos lembram da ‘novela’ que foi para o Governo Federal concluir a duplicação dos 25,5 km do Contorno de Vitória (19,3 km na Serra e 6,2 km em Cariacica). Foram mais de 10 anos de obras. O trecho leva no nome a palavra ‘Vitória’, porque o objetivo da construção do mesmo era tirar da capital o fluxo de veículos que estavam de passagem e que vinha aumentando muito, principalmente o de caminhões e carretas. Estima-se que hoje cerca de 50 mil veículos passam pelo local diariamente.
Outra novela que completa 20 anos e ainda não tem data para terminar é o Contorno de Jacaraípe. A estrada foi idealizada pelo ex-prefeito João Baptista da Motta e teve o seu primeiro trecho, do terminal de Castelândia até a entrada de Jacaraípe, próximo à estação de tratamento de esgoto da Cesan, concluído em 1997. Mais de 10 anos depois é que o governador Paulo Hartung fez mais um pedaço, ligando à Avenida Minas Gerais, no bairro Lagoa.
Em seu último ano de governo, Renato Casagrande começou a construção do trecho que chega a Nova Almeida. Um projeto grande, arrojado, bonito, ao custo de R$ 90 milhões, que encontra-se totalmente parado nesse terceiro mandato do governador Paulo Hartung, com risco de perda de parte da terraplenagem que foi feita.
A novela do Contorno do Mestre Álvaro
Agora vivemos a novela em que se transformou o Contorno do Mestre Álvaro, que será uma alça da BR 101, começando em Chapada Grande (depois do posto da Polícia Rodoviária Federal) e terminando no Contorno de Vitória, próximo ao Alphaville. Serão 18 quilômetros de estrada, passando por trás do Mestre Álvaro, uma região ainda vazia, onde predominam pequenas propriedades rurais.
A ideia é retirar do trecho da BR entre Carapina e Serra Sede o fluxo de caminhões e carretas, deixando a malha urbana livre dos congestionamentos rotineiros. E transformar o trecho numa avenida municipal.
O Contorno do Mestre Álvaro foi pensado no 2º mandato do prefeito João Baptista da Motta (1993 a 1997). Bem mais tarde é que a Petrobras fez um estudo como medida compensatória pela passagem de gasoduto em terras serranas.
O projeto só ganhou força a partir do segundo mandato do governador Renato Casagrande, que conseguiu incluir a obra no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), com o Governo Federal destinando em seu orçamento de 2014, R$ 30 milhões, para uma obra estimada em R$ 290 milhões.
Em seu último mês de mandato (dezembro de 2014), Casagrande assinou a ordem de serviços da obra; Hartung assumiu em janeiro deste ano e suspendeu todas as obras. De lá para cá, o projeto foi refeito e a última notícia é que ele está na fase de aprovação do licenciamento ambiental. Mas uma fonte ligada ao Governo federal em Brasília diz que no orçamento da União para 2016 constam só R$ 500 mil para a obra.
O Governo do Estado sequer começou a negociar com os 18 proprietários de terras no traçado da via. Nesse ritmo serão no mínimo cinco anos para o contorno do Mestre Álvaro ficar pronto. Até lá, mais engarrafamentos, acidentes, mortes e feridos. Tanto pela imprudência no trânsito quanto pela lentidão do poder público.