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“O empresário precisa de mais agilidade do poder público”

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Remegildo Gava disse que não quer mais concorrer a cargo político enquanto continuar o atual modelo eleitoral no país. Foto: Bruno Lyra
Remegildo Gava disse que não quer mais concorrer a cargo político enquanto continuar o atual modelo eleitoral no país. Foto: Bruno Lyra

Por Bruno Lyra /  Yuri Scardini

Eleito presidente da Associação dos Empresários da Serra (Ases) para o biênio 2016 / 2017, o médico Remegildo Gava Milanez é diretor – presidente do Hospital Metropolitano e um dos homens fortes da Unimed/ES. Remegildo revela seus planos para fortalecer os empreendedores da Serra e ainda faz uma análise do mercado de saúde privada na Serra, além da conjuntura política local e nacional.

O que motiva o senhor a topar o desafio de liderar o movimento empresarial na Serra?

Na verdade, a diretoria da Ases fez o convite, confesso que eu não tinha lançado meu nome.  No principio relutei um pouco, sou ginecologista, diretor da Unimed vitória, e como sou um cara febril e não gosto de fazer uma coisa só, achei podia fazer algo interessante, uma ponte entre o empresariado e o setor público.

Recentemente o vice-presidente da Findes, Leonardo de Castro, disse que há R$ 300 milhões em investimentos privados travados pela burocracia na Serra…

O empresário precisa de agilidade. O próprio estado demora nos processos, e o que nós queremos é gerar empregos. E a Prefeitura vai ganhar mais com isso também. O poder público tem que ter critérios, fiscalizar e impedir coisas erradas, mas precisa ser ágil.
Quais os potenciais e gargalos para investir na Serra?

A Serra tem uma geografia que é facilitadora, é plana, tem uma comunicação muito grande, tem o mar. Ela tem um povo muito trabalhador, desde quando era um município quase todo rural. Mas tem o desafio, a desigualdade social. E além da violência, outro fator negativo é a morosidade do poder público.


A Serra é a cidade que mais demitiu em 2015 no ES. O que a cidade deve fazer para encarar a crise e a economia local voltar a crescer?

A Serra teve mais demissão porque sua economia ainda é muito centrada na indústria de comodities e metalmecânica.  CST (ArcelorMittal Tubarão) e Vale são importantes, mas a Serra precisa diversificar. Por que não ter um turismo mais forte, por exemplo? Quero trazer os microempresários, por que eles podem crescer.  Para ajudá-los a Ases pretende inaugurar a Casa do Empresário.  Temos de mudar a cultura, pois nossa população não está preparada para o empreendedorismo.

A Prefeitura lançou um programa de incentivos ficais para empreendedores, o Desenvolve Mais Serra. O que o senhor acha?

Qualquer incentivo, que tenha uma boa finalidade, é válido. Mas não pode ser qualquer coisa. Tem de trazer um retorno para a cidade. É melhor que a cidade receba R$ 15 de imposto de três empresas, sendo R$ 5 de cada uma, do que receber os mesmos R$ 15 de uma única empresa.

E a intenção do município de ter um polo tecnológico na rodovia do Contorno?

Acho viável, mas não pode ficar só na teoria, na vontade. A inovação é algo interessante, a Serra tem arranjo produtivo que demanda isso. Vejo que a cidade vem ganhando força, identidade, as pessoas estão perdendo o medo de dizer que moram na Serra.


E como anda o setor de saúde privada no município?

Como muitas pessoas que perderam os empregos, ficaram sem seus planos de saúde e os hospitais sentiram a redução de clientes. As operadoras de saúde estão estagnadas, estão sem vender planos. É momento de crise e quem não se preparou vai sofrer com ela.
A boa notícia é que em fevereiro, foi autorizada a entrada de capital estrangeiro em hospitais. Agora, tem fundos de pensão americana vindo aí, estimulados pela valorização do dólar.

Há bom ambiente para novos investimentos em saúde privada na cidade?

Tem sim. Por exemplo, eu acabei de inaugurar, em plena crise econômica, mais nove leitos de unidades coronárias e 10 de UTI.
São notórias as dificuldades que a Unimed vem enfrentando no país, chegou até a fechar em São Paulo. Há risco de isso acontecer no ES?

Nos últimos anos o Brasil perdeu cerca de mil operadores de saúde. Então a dificuldade é de todo mundo, mas eu diria que a Unimed Vitória hoje está entre as 10 maiores do Brasil e com a saúde financeira boa.  

Por que o Hospital Metropolitano fechou o pronto socorro pediátrico?

Atendíamos o dobro do segundo colocado. E aí meu médico ficou sobrecarregado. Não tinha como colocar mais pediatra, há poucos no mercado. Como aqui ficava muito cheio e muita gente trazia criança que não era caso de urgência, o atendimento demorava. Médicos, ameaçados por pais, pediram para sair. Essa foi a minha maior derrota como diretor do hospital. Porém está em nosso planejamento reabrir o pronto socorro.
O senhor é filiado ao PDT, já concorreu para deputado estadual, suplente de senador e teve o nome lembrado para a Secretaria de Saúde do Estado. Pretende continuar na política?

Em 2006 aceitei concorrer (a Deputado Estadual) por que o PDT queria um nome não ligado à política. Eu não pretendo mais mexer com isso enquanto perdurar esse modelo eleitoral.

Você acredita na tese de impeachment da presidente Dilma?

Juridicamente acredito que não. Mas o Brasil tem uma crise de liderança, a Dilma, por ter um discurso político ruim, está sendo o alvo de todos os problemas. Ela está pagando o pato sozinha. Se ela for tirada, trocaremos seis por meia dúzia. Nossa crise é moral também. Como a população quer cobrar honestidade dos políticos se ela mesma não é?

Qual sua avaliação desses 10 primeiros meses do governo Hartung?

É difícil avaliar um governador com o cenário nacional do jeito que está. Mas ele começou se concentrando em bater no anterior, isso atrapalha.

E a disputa entre Audifax e Vidigal?

A briga entre Audifax e Vidigal atrapalha demais a cidade.  Quando políticos brigam, começam a fazer coisas só para atingir seu adversário.

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