Os números da violência no Brasil são de causar perplexidade no mundo todo. O pior dessa triste realidade é que a escalada crescente de assassinatos parece não ser o suficiente para comover as autoridades, exceto quando quem é atingido é uma autoridade, pessoa de projeção nacional ou é cometido de forma bárbara, aí o crime ganha repercussão na mídia, que obriga as autoridades policiais a darem resposta rápida, mesmo que para isso pegue alguém como bode expiatório, que pode não ser exatamente aquele que cometeu o crime.
No estudo divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes – UNODC, o Relatório Global sobre Homicídios, de 2012, registrou 50.108 assassinatos no Brasil, o equivalente a pouco mais de 10% dos homicídios cometidos em todo o mundo naquele ano, que foi de 437 mil.
Na semana passada, o Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou o número de mortes provocadas por todos os atos terroristas cometidos em todo o mundo em 2014: 33 mil pessoas, 81% a mais do que o ano de 2013, que foram 18 mil. Somadas as mortes provocadas por atos terroristas nos dois anos, chega a 51 mil pessoas, praticamente o mesmo número de homicídios ocorridos no Brasil em 2012.
Cinquenta mil pessoas perdendo a vida a cada ano no Brasil não é pouca coisa. O Espírito Santo tem 78 municípios e só 11 tem população acima de 50 mil pessoas, segundo dados do IBGE. É como se a população de uma cidade como Nova Venécia deixasse de existir a cada ano no país.
Os atos terroristas que acontecem ao redor do mundo tem como causa o fundamentalismo religioso e étnico e na sua maioria são causados por extremistas mulçumanos, que estão concentrados no Oriente Médio, em parte da Ásia e da África, com casos mais esporádicos em países da Europa e Estados Unidos.
Os protagonistas desses atentados são o Estado Islâmico, Talibã, Al-Qaeda, Boko Haran e alguns outros de menor expressão. Eles cometem atos terroristas que terminam em morte por uma causa cujo fundamento é o religioso.
E a vida virou coisa banal
E os assassinatos cometidos no Brasil? Bem esses são em causa própria. No Brasil mata-se por matar, por uma cachaça, por uma briga no trânsito, por controle da boca de fumo, por dívidas com o tráfico, por um descontentamento, por motivo passional. Enfim, no Brasil mata-se por motivos fúteis, banais e sem sentido. À bala, à facada, à paulada. Até linchamentos passaram a virar lugar comum.
A percepção que se tem é que o Brasil torna-se cada vez mais uma nação violenta e tensa, onde as leis não são cumpridas, as autoridades desrespeitadas e o medo vira sentimento comum nas casas e ruas, no trabalho e no lazer e até em locais insuspeitos como escolas e templos religiosos.
Falta ao país uma política pública integrada de combate efetivo às causas e à violência, que são várias: tráfico de drogas, baixa escolaridade, submoradias, famílias desestruturadas, tráfico de armas, baixa qualificação de mão-de-obra, impunidade, entre outras causas, que contribuem para a escalada de assassinatos, roubos e outros tipos de crimes.
Para complicar ainda mais, no rastro dessa cultura de violência tem se evidenciado um ambiente de “glamurização” da violência que, alcançando todos os níveis sociais, acaba sendo extremamente sedutor para jovens das classes populares. Afinal, portar uma arma pode parecer bem mais interessante do que uma ferramenta de trabalho qualquer para no final de cada mês receber um salário que só é suficiente para perpetuar a extrema desigualdade social brasileira.
O contrário de guerra é política. Mas ainda assim, nesse quesito, o que tem é cada estado brasileiro desenvolvendo a sua política de segurança, normalmente um projeto desenvolvido por quem está no poder. Quando esse governador deixa o posto, o seu substituto extingue aquele programa e adota outro, com outro nome, sob o argumento de que o que vinha sendo feito não era o adequado. É assim em praticamente todas as unidades da Federação.
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